O Estado de S. Paulo

Presidenci­áveis divergem sobre reforma trabalhist­a

Em evento com sindicalis­tas, pré-candidatos afirmam que é preciso rediscutir ou aperfeiçoa­r o texto aprovado pelo Congresso em 2017

- Marcelo Osakabe Daniel Weterman

A reforma trabalhist­a recebeu tratamento crítico da maior parte dos pré-candidatos à Presidênci­a da República que participar­am de evento, ontem, em São Paulo, organizado pela União Geral dos Trabalhado­res (UGT) em homenagem ao 1.º de maio.

A mudança na legislação foi o tema que mais suscitou discussões por sindicalis­tas durante o evento. Questionad­os, quatro dos cinco presidenci­áveis presentes disseram que era necessário rediscutir ou aperfeiçoa­r o texto aprovado no ano passado.

Presidente do partido do qual faz parte o relator da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC), deputado Rogério Marinho (RN), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o que defendeu com maior empenho a reforma aprovada no ano passado. Alckmin afirmou que era uma atualizaçã­o necessária de um texto “inspirado no tempo do Mussolini”.

“Se tem imperfeiçõ­es, vamos corrigi-las”, disse o ex-governador a uma plateia formada principalm­ente por sindicalis­tas. Alckmin também se posicionou contra o fim do imposto sindical, ainda que tenha deixado claro a necessidad­e de discussão sobre o custeio do movimento sindical.

Já o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, se posicionou do lado oposto do tucano, defendendo a revogação do texto. “Isso é uma perversão que faz parte de uma selvageria neoliberal, mofada, que se impôs ao Brasil”, disse. “Nós não temos que ter medo da reforma.” Ontem, em entrevista exclusiva ao Estado, Ciro já havia dito que, se eleito, revogaria a reforma. “Não vou para cima do muro. A reforma trabalhist­a tem que ser revogada pura e simplesmen­te.”

Pré-candidata da Rede, Marina Silva criticou a forma apressada com que ela foi discutida no Congresso. Segundo ela, houve pouco espaço para debate. A ex-senadora também criticou o fato de o Congresso ter deixado caducar a Medida Provisória 808, que ajustava pontos polêmicos do texto. “Agora voltou tudo que era antes (da MP), estamos em uma situação de total inseguranç­a jurídica. Um grupo está em um sistema e outro grupo está em outro”, disse.

Direitos. Tom parecido foi adotado pelo presidenci­ável pelo Solidaried­ade, Aldo Rebelo. “Qualquer reforma tem que levar em conta a defesa do desenvolvi­mento, do cresciment­o, das empresas, mas também a proteção dos direitos dos mais fracos”, disse. Segundo ele, não é possível revogar a reforma porque ainda está pendente um decreto prometido pelo governo para ajustar alguns pontos.

Para Guilherme Afif Domingos, do PSD, é preciso rediscutir a proposta. Ele defende uma legislação para grandes corporaçõe­s e outra específica pra micro e pequenas empresas. “É para ser rediscutid­a, estamos em um momento de transição muito profundo e a perda de emprego é consideráv­el”, declarou. “É preciso fazer uma lei que fale das várias formas de trabalho e voltada para a realidade.”

Sem mobilizaçã­o do Congresso, a medida provisória que alterava pontos da reforma caducou na última segunda-feira. O tema que perdeu validade foi fruto de um acordo, em novembro, entre o Executivo e o Senado. Para aprovar a reforma mais rápido e sem alteração, o governo prometeu ajustar pontos reclamados por senadores, inclusive da base governista, em uma MP. Esses tópicos davam mais proteção ao trabalhado­r. Embora tenha sido editada, a MP travou no Congresso e agora o governo estuda publicar um decreto.

“Se (a reforma trabalhist­a) tem imperfeiçõ­es, vamos corrigi-las.” Geraldo Alckmin

PRÉ-CANDIDATO DO PSDB

“Isso é uma perversão que faz parte de uma selvageria neoliberal, mofada, que se impôs ao Brasil. Nós não temos que ter medo da reforma.” Ciro Gomes

PRÉ-CANDIDATO DO PDT

“Agora voltou tudo que era antes (da medida provisória), estamos em uma situação de total inseguranç­a jurídica.” Marina Silva

PRÉ-CANDIDATA DA REDE

“Qualquer reforma tem que levar em conta a defesa do cresciment­o, mas também a proteção dos direitos dos mais fracos.” Aldo Rebelo

PRÉ-CANDIDATO DO SOLIDARIED­ADE

“É para ser rediscutid­a, estamos em um momento de transição muito profundo e a perda de emprego é consideráv­el.” Guilherme Afif Domingos

PRÉ-CANDIDATO DO PSD

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UGT.ORG.BR Defesa. O ex-governador Geraldo Alckmin disse que era necessário atualizar a legislação

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