Trump reivindica crédito antes da hora
Donald Trump assegurou que jogaria duro com Kim Jong-un. Seus tuítes de ontem contam uma história diferente. Diante da notícia de que os líderes das Coreias concordaram em trabalhar para a desnuclearização e o fim da guerra, Trump ficou entusiasmado. “Fim da Guerra da Coreia!”, escreveu. Mas ainda é prematuro.
Se há algo com o qual todos concordam é que o processo está começando. A notícia foi excelente, mas há precedentes. Já tivemos acordos entre as Coreias antes que não deram resultado. Os tuítes de Trump não foram apenas a celebração de uma vitória, mas “o lançamento de bola ainda no vestiário, antes de a moeda ser jogada para o início do jogo”, disse Thomas Weiss, da City University of New York.
As conversações entre os líderes coreanos, em 2000, garantiram ao presidente da Coreia do Sul um Nobel da Paz. Depois, foi revelado que a reunião incluíra uma compensação de U$ 500 milhões para a Coreia do Norte e, seis anos depois, os norte-coreanos detonaram sua primeira bomba nuclear. O presidente Bill Clinton, em 1995, declarou prematuramente um acordo para a desnuclearização. No fim dos anos 70, o presidente Jimmy Carter propôs a retirada das tropas americanas, mas antes de as negociações fracassarem.
Mesmo o fotografado abraço entre Kim e Moon Jae-in teve precedentes. Foto similar foi feita em 2000, entre Kim Jong-il, pai de Kim, e o presidente sul-coreano, Kim Daejung. Tudo isso não quer dizer que o encontro, desta vez, não seja importante ou que a posição de Trump não tenha dado frutos. Mas a combinação de falta de visão diplomática e o desejo de uma grande vitória que mude sua imagem tem de ser considerada. Trump tem grande liberdade para lidar em pessoa com essa situação e assegurou que será exigente. Mas, ao mesmo tempo, referiu-se ao processo como se já tivesse um impacto enorme, mensurável, e parece encantado com o olhar positivo que recebeu da imprensa. /