A jornada dupla de Dani Lins pelo vôlei
Levantadora da seleção brasileira se divide entre a rotina de exercícios físicos e os cuidados com a filha Lara, de dois meses
A campeã olímpica Dani Lins, levantadora da seleção de vôlei, enfrenta jornada dupla para voltar à forma e defender o Brasil depois de ficar 11 meses afastada do esporte pela gravidez de Lara, que nasceu em 25 de fevereiro. “Estou voltando sem pressa.”
Realizar um treino leve e malhar com o celular na mão. A nova rotina da levantadora Dani Lins, campeã olímpica com a seleção brasileira feminina de vôlei nos Jogos de Londres-2012, é dividir a preparação para o seu retorno às quadras com os primeiros passos da maternidade após dar à luz sua primeira filha, Lara. Uma vez por semana ela vai ao Centro Dois Andares, no Morumbi, zona sul da capital, e nos outros dias se exercita na academia de ginástica do condomínio onde mora, na Vila Leopoldina, zona oeste, onde recebeu a reportagem do Estado.
Sem esconder a alegria de realizar o sonho da maternidade, Dani inicia uma nova etapa em sua vida profissional e pessoal. Quase dois meses após a cesárea e o nascimento de sua filha, em 25 de fevereiro, a levantadora segue as orientações do preparador físico da seleção brasileira de vôlei, José Elias Proença, visando a disputa do Mundial deste ano – ela está sem clube desde que saiu da equipe de Osasco por conta da sua gestação. Ao mesmo tempo que dá atenção para Lara, faz exercícios e tenta recuperar sua boa forma.
“Faz duas semanas que voltei a treinar. Comecei com treinos leves e depois conversei com o Zezinho (José Elias) para fazer pilates a partir da segunda semana. Agora vou iniciar um treino mais pesado seguindo suas orientações. É ruim ficar no treino leve. Já faz quase 11 meses que estou fora da minha rotina, você vê que o seu corpo já não está mais da mesma forma. Eu sempre tive o braço muito forte e o meu braço não está mais definido, é complicado. Agora estou voltando aos poucos, estou sem pressa”, conta a jogadora.
Conciliando seus treinamentos com os horários da filha Lara, Dani conta que a menina segue à risca o período de três em três horas para acordar e “tudo acontece quando ela está dormindo”. “A Lara é um reloginho. Quando ela dorme eu vou treinar, vou ao mercado, consigo marcar um horário no salão. Eu desço para fazer aquela musculação rápida e vou com o celular na mão, porque se ela chorar eu tenho de subir. É por isso que estou malhando em casa e vou
apenas uma vez semana pegar as orientações do Zezinho”, conta a levantadora.
Ao lado do marido, o central
Sidão que, segundo Dani, “também esbanja muito orgulho da filha”, ela fala que se considera uma “supermãe”. “O Sidão mesmo
diz ‘eu achei que a Dani ia ser uma boa mãe, mas ela está sendo uma supermãe’. E eu me considero assim, sempre tive esse lado meio ‘mãezona’. Nos times que joguei ajudava e cuidava das meninas mais novas. E eu falo, modéstia à parte, estou me saindo muito bem”, brinca a atleta. “Até agora, eu não tive insegurança em nenhum momento. Sou eu que dou todos os banhos na Lara e troco as fraldas. Sabe aquele contato que você quer ter sempre com o filho?”, explica.
A relação intensa com a maternidade faz Dani conviver com o seu maior desafio: ficar longe da filha. De olho no Mundial, marcado para setembro, no Japão, a jogadora pensa no seu retorno às quadras e cita as dificuldades que vai enfrentar. “Ainda não estou preparada. Tenho uma ligação muito forte com a Lara. Muitas vezes ela está chorando e quando eu pego ela no colo, ela para. Fico pensando ‘filha não faz isso comigo’... eu preciso desapegar um pouco.”