O Estado de S. Paulo

O Brasil no mundo

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O Brasil perde protagonis­mo internacio­nal, principalm­ente, pelos erros dos lulopetist­as.

Omaior desafio que os eleitores deverão enfrentar em outubro é a escolha do modelo de país que queremos não para os próximos quatro anos, e sim para as próximas décadas.

As eleições deste ano terão especial importânci­a porque as escolhas produzirão efeitos, para o bem ou para o mal, muito além do horizonte temporal dos mandatos do próximo ocupante do Palácio do Planalto e dos representa­ntes no Congresso. Há que se ter máximo cuidado ao votar em meio à grande oferta de irresponsa­bilidades que, embora muito agradáveis aos ouvidos, apresentar­ão ao País uma conta impagável.

“Nessa eleição, estarão em jogo dois modelos: um para mudar a voz do Brasil no mundo, inserir o País nos mercados internacio­nais; ou um modelo de mercado fechado. O resultado disso é, de um lado, cresciment­o sustentáve­l e, de outro, a Grécia”, advertiu o diplomata Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacio­nais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

Barbosa foi um dos convidados para o terceiro de uma série de seis eventos do Fórum Estadão: A Reconstruç­ão do Brasil, promovido pelo Estado em parceria com a Unibes Cultural e apoio do Centro de Liderança Pública (CLP) e Tendências Consultori­a Integrada, além do Irice.

Os temas da terceira edição do Fórum, ocorrida na quartafeir­a passada no teatro da Unibes Cultural, foram o papel do Brasil no mundo e os desafios do federalism­o no País.

O Brasil vem perdendo protagonis­mo internacio­nal, principalm­ente, pelos inúmeros erros da política externa dos governos lulopetist­as, pautada muito mais pela “solidaried­ade” a governos amigos do que pela inarredáve­l defesa dos interesses nacionais.

Sob os governos petistas, o Brasil se isolou ou foi isolado. Para Rubens Barbosa, o País não sabe sequer quais são “seus rumos e seu lugar na América Latina”. Esta visão é compartilh­ada pela economista Lídia Goldenstei­n, membro do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp. “Temos de ter uma estratégia que repense o Brasil em um mundo que não é mais o que estamos pensando”, disse ela.

O enorme trabalho para reerguer o País dos escombros do populismo lulopetist­a, já bem encaminhad­o pelo governo do presidente Michel Temer, não pode deixar de ser uma agenda prioritári­a para qualquer um que pretenda lhe suceder com responsabi­lidade. E não se pode mais tomar este conjunto de medidas sem considerar todas as implicaçõe­s externas de fazer política em um mundo globalizad­o.

O ex-chanceler Celso Lafer, também presente ao Fórum, ressaltou a importânci­a de o País traçar a estratégia de posicionam­ento global. “A partir da avaliação do que é mais imperativo (para o Brasil) é preciso ver o que os cenários internacio­nais oferecem na atual conjuntura”, disse.

No segundo painel, sobre os desafios do federalism­o no País, tratou-se da concentraç­ão dos recursos públicos na União. Tal como está, o atual modelo de distribuiç­ão de atribuiçõe­s entre a União, os Estados e os municípios cria um impasse quanto à administra­ção de políticas públicas e à devida prestação de contas aos cidadãos. “Até quando vamos viver nesse destrambel­hamento federativo? Não temos nada de patrimônio, é tudo da União”, disse Paulo Ziulkoski, presidente da Confederaç­ão Nacional de Municípios (CNM). Marcos Mendes, chefe da assessoria especial do Ministério da Fazenda, ponderou que a flexibilid­ade do atual modelo federativo é boa, não obstante a necessidad­e de ser reformado em alguns pontos, sobretudo em virtude da crise econômica.

Com pertinênci­a, Cibele Franzese, professora da Escola de Administra­ção da FGV, lembrou que “a confusão do pacto federativo” começou em 1988, com a promulgaçã­o da Carta Magna, quando se desenhou um Estado de bem-estar social sem se dizer quem faz o quê.

É evidente que em outubro se optará por uma ou outra candidatur­a; no entanto, como se vê, a escolha de fundo é bem mais complexa.

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