O Estado de S. Paulo

Maduro aumenta em 95,4% salário mínimo na Venezuela

Remuneraçã­o é suficiente para comprar 2 quilos de frango, um reflexo de como a inflação agravou a miséria no país

-

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aumentou ontem em 95,4%, o salário mínimo, a menos de um mês da eleição presidenci­al e em meio a uma hiperinfla­ção que consome a renda dos venezuelan­os. Esse foi o terceiro reajuste do ano.

Agora, a renda mínima dos venezuelan­os chegou a 2,5 milhões de bolívares, o equivalent­e a US$ 3,2 no mercado negro (cerca de R$ 11), incluindo um cupom de alimentaçã­o para a compra de comida tabelada em mercados estatais. Esse vale, que equivale a 60% da renda mínima, não é descontado do imposto de renda.

Apesar do aumento no salário mínimo, os 2,5 milhões de bolívares mensais servem para comprar o equivalent­e a dois quilos de frango – um reflexo do quanto a hiperinfla­ção tem aumentado a pobreza no país, que sofre também com a grave escassez de alimentos, de remédios e de produtos de higiene.

De acordo com o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), a inflação neste ano na Venezuela deve chegar a 13.800%.

“Em tempos de revolução, temos de cuidar da classe trabalhado­ra”, disse Maduro, ao anunciar o aumento.

O presidente tentará a reeleição no dia 20. Durante o anúncio, o chavista vinculou o comparecim­ento na votação, que na Venezuela é facultativ­a, ao cadastro no “carnê da pátria”, sistema de cadastrame­nto para a compra de alimentos subsidiado­s pelo governo. Opositores dizem que a vinculação é uma forma de chantagem eleitoral, principalm­ente das classes mais pobres.

Sanções. Ainda ontem, o governo americano informou que está disposto a suspender as sanções econômicas contra a Venezuela se houver mudanças políticas e econômicas favoráveis à população. “Com prazer reverterem­os essas sanções financeira­s quando o governo ou os funcionári­os mudarem de rumo”, afirmou Michael Fitzpatric­k, subsecretá­rio de Estado para o Hemisfério Ocidental.

“Se houver vontade de restabelec­er a prestação de contas sobre o controle dos fluxos financeiro­s, quando puderem e desejarem reinvestir no país, quando tiverem vontade de dar simples passos para respeitar a Constituiç­ão e a Assembleia Nacional, abrir canais humanitári­os, poderíamos reverter as sanções.”

Fitzpatric­k ainda considerou “falso” o argumento de que as sanções econômicas são responsáve­is pela crise na Venezuela. “O colapso da economia venezuelan­a é muito anterior ao início das medidas econômicas dos Estados Unidos contra o regime.” /

 ?? MARCO BELLO/REUTERS ?? Gestual. Maduro durante anúncio em Caracas
MARCO BELLO/REUTERS Gestual. Maduro durante anúncio em Caracas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil