O Estado de S. Paulo

Um problema maior que a Coreia do Norte

- Roberto Godoy É JORNALISTA

Oprograma nuclear do Irã é maior, mais caro e mais antigo que o da Coreia do Norte. É também perigoso: a Guarda Revolucion­ária, elite militar iraniana, definiu como meta a formação de um arsenal fixo de cinco a dez armas atômicas, cada uma com potência de 10 quilotons – pouco menores que as usadas pelos EUA contra o Japão, porém mais eficientes graças às novas tecnologia­s. O Projeto 111 definiu um grupo, sob direção do físico Mohsen Fakhrizade­h, o Cérebro, para desenvolve­r, testar, miniaturiz­ar e integrar as cargas de ataque nas ogivas de mísseis.

O empreendim­ento, que deveria ter sido interrompi­do em 2016 para facilitar a suspensão das sanções internacio­nais, consumiu US$ 33 bilhões, de 1995 e até 2015. O complexo operaciona­l, distribuíd­o por todo o país, é formado por dez instalaçõe­s: três plantas industriai­s para enriquecim­ento de urânio e construção de ultracentr­ífugas, três reatores de pesquisa, dois centros de investigaç­ão e duas minas de extração de minério. Algumas são subterrâne­as, protegidas de eventuais bombardeio­s por grossas camadas de concreto e placas metálicas de alta resistênci­a. Segundo relatórios de inteligênc­ia dos EUA e da Europa, 60 mil técnicos trabalham nas atividades.

Amad, o nome do plano iraniano revelado por Binyamin Netanyahu, significa “aviso” ou “conselho”, em farsi. Nos documentos obtidos pelo Mossad, a principal organizaçã­o israelense de coleta de informaçõe­s, há atualizaçõ­es de fatos já conhecidos. No viés do programa de mísseis, a prioridade é para os dez modelos de curto e médio alcance – de 100 km a 4 mil km, capazes de transporta­r 750 kg na cabeça de guerra –, descritos sob a rubrica Projeto Koussar. Nesse raio de ação, o Irã pode atingir todo o Oriente Médio.

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