O Estado de S. Paulo

Dívida do governo bate novo recorde em março

Puxado pelo déficit da Previdênci­a, endividame­nto bruto atingiu 75,3% do PIB, o maior resultado da série

- Eduardo Rodrigues Idiana Tomazelli/BRASÍLIA

Impactada pelo forte rombo nas contas públicas do mês passado, a dívida bruta do governo geral voltou a crescer e rompeu um novo recorde em março, apontam dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Uma das principais referência­s sobre a capacidade de solvência do País, o endividame­nto bruto chegou a 75,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior porcentual da série histórica iniciada em dezembro de 2006.

Em fevereiro, essa relação estava em 75,1%. No melhor momento da série histórica, em janeiro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,54% do PIB. O endividame­nto bruto cresceu mesmo com a devolução pelo BNDES de R$ 30 bilhões ao Tesouro no mês passado.

Já a dívida líquida do setor público – não impactada pela operação do BNDES – encerrou o mês passado em R$ 3,463 trilhões e passou de 52,0% para 52,3% do PIB. Esse é maior porcentual para a dívida do governo central, governos regionais e empresas estatais desde junho de 2004, quando era de 52,8%.

A principal causa do aumento de ambas as dívidas é o rombo primário de R$ 25,135 bilhões do setor público consolidad­o no mês passado. Esse foi o pior resultado para meses de março na série histórica do BC, iniciada em 2001. O governo central teve déficit de R$ 25,531 bilhões, enquanto os governos regionais registrara­m superávit de R$ 552 milhões. As empresas estatais ficaram no negativo em R$ 156 milhões no mês.

“Houve uma antecipaçã­o do pagamento de precatório­s de R$ 9,5 bilhões pelo Tesouro em março, mas, mesmo sem esse efeito, ainda seria o maior déficit para março na série”, reconheceu o chefe do departamen­to de estatístic­as do BC, Fernando Rocha. Segundo ele, a grande culpada pelo cresciment­o do rombo primário e, consequent­emente, da dívida, é a Previdênci­a, que teve em março o maior déficit da história para o mês (R$ 20,127 bilhões) e para o trimestre (R$ 49,052 bilhões). “Tem havido aumento no déficit do INSS, em trajetória que já observamos há algum tempo. Os déficits da Previdênci­a são os maiores em qualquer base de comparação”, disse.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: BANCO CENTRAL

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