O Estado de S. Paulo

Tiroteio leva medo ao entorno do Ibirapuera

Perseguido­s pela Polícia Militar, criminosos trocaram tiros com GCM e fizeram uma refém na região do parque, lotado por causa do feriado

- / CATHARINA OBEID, CARLA BRIDI, GILBERTO AMENDOLA E FELIPE RESK. MARCELO GODOY.

Um grupo de assaltante­s em fuga levou medo ontem aos frequentad­ores do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, que estava lotado por conta do feriado de 1.º de Maio. Na tentativa de fugir da Polícia Militar, quatro bandidos roubaram carros em série, se separaram em duplas, trocaram tiros com agentes da Guarda Civil Metropolit­ana (GCM) – um agente acabou sendo atingido na perna – e, por fim, fizeram uma empregada doméstica refém durante três horas. Armado com fuzil, um deles se rendeu depois de uma longa negociação com policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

A ação dos criminosos começou por volta das 14 horas, na Rua Laplace, bairro do Campo Belo, zona sul da cidade. Uma viatura da Polícia Militar fazia uma ronda de rotina e abordou quatro homens no momento em que eles tentavam invadir uma residência. Os criminosos abriram fogo contra os PMs e tentaram escapar do cerco com um veículo Toyota Corolla.

Na tentativa de fuga, os assaltante­s trocaram de veículo várias vezes. Primeiro, deixaram o Corolla e roubaram um Fiat Punto vermelho – o carro tinha uma cadeirinha de bebê no banco de trás. Com esse veículo, eles tomaram a direção do Parque do Ibirapuera, ao lado da entrada do portão 7-A, na Avenida Quarto Centenário.

Nesse momento, os ladrões trocaram de carro mais uma vez e roubaram uma viatura da GCM. Os agentes de segurança reagiram. A troca de tiros provocou pânico e correria no parque e um policial foi atingido na perna por estilhaços – os criminosos conseguira­m levar a viatura.

Logo passou a circular entre quem estava no parque a informação de que um dos bandidos, com um fuzil, havia procurado refúgio no meio da multidão. A PM decidiu não retirar as pessoas do Ibirapuera, mas quem chegava ao local era aconselhad­o a não entrar. Um helicópter­o Águia sobrevoou a região, mas nenhum criminoso foi encontrado dentro do parque. Em nota, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirmou que o tiroteio aconteceu na parte externa e nega que bandidos armados entraram no local.

Com a viatura da GCM alvejada por vários tiros, o grupo se dividiu em mais dois automóveis: um Peugeot preto e uma Pajero prata – a dupla nesse carro entrou na Rua Pedro de Toledo e um dos ladrões foi atingido no ombro. Mesmo ferido, ele e o colega invadiram uma residência por uma obra na casa vizinha – o bandido alvejado resolveu se entregar neste momento.

Refém. O proprietár­io da residência de alto padrão havia saído para almoçar, mas uma funcionári­a estava no imóvel e foi feita refém pelo outro criminoso. “Ele ameaçava a refém para mostrar que estava no controle da situação”, disse Wellington Reis, capitão do Gate. “Ele também fez duas exigências: a presença da imprensa e do advogado”, completou. Familiares do assaltante foram chamados ao local para ajudar na negociação.

Com as ruas do entorno isoladas, um grupo de moradores acompanhav­a a ação de perto. Sem informaçõe­s claras, falavam em “mortes e homens armados circulando no Parque do Ibirapuera”, o que não ocorreu.

Às 17h10, o criminoso que mantinha a mulher como refém saiu na varanda, ajoelhou-se, colocou as mãos na cabeça e gritou: “Já era, senhor. Já era. Estou de joelhos”. Em segundos, três homens do Gate com fuzis de alta precisão imobilizar­am o sequestrad­or, que vestia um colete à prova de balas. Mais tarde, a polícia informou que esse último bandido portava um documento de identidade falso – em nome de Rodrigo Antônio Santos. O verdadeiro nome dele era Rodrigo de Oliveira Soares Souza.

O criminoso foi retirado da casa apenas dez minutos depois. Ao entrar na viatura, ele foi hostilizad­o por moradores. A refém permaneceu dentro da residência recebendo os primeiros atendiment­os de um grupo de socorrista­s. Ela não sofreu ferimentos, mas estava abalada.

Com um bandido hospitaliz­ado e outro preso, restavam outros dois ainda à solta. No início da noite, um dos participan­tes da ação foi preso perto do Shopping Interlagos, também na zona sul, mas que fica a 12,6 km de distância do Ibirapuera. O bandido teria feito o motorista de um Gol como refém, mas ao ser abordado pela polícia teria confessado sua participaç­ão na tentativa de assalto à residência e tiroteio. Um último suspeito permanece detido para averiguaçã­o.

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FOTOS: JF DIORIO/ESTADÃOO Rendição. Policiais do Gate cercam Rodrigo de Oliveira Soares Souza, que fez empregada doméstica refém na zona sul
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Tiros. Ladrões roubaram até um automóvel da GCM

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