O Estado de S. Paulo

STF retoma julgamento com duas teses diferentes

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo / BRASÍLIA

O Supremo Tribunal Federal retoma hoje o julgamento sobre a restrição do foro privilegia­do para deputados federais e senadores, com a oposição de duas visões em torno do tema e o receio de integrante­s da Corte de que um novo pedido de vista (mais tempo para análise) interrompa novamente o debate.

Até agora, sete ministros já concordara­m com a tese de Luís Roberto Barroso, de que o foro deve ser limitado aos crimes praticados no exercício do mandato e em função do cargo. Já Alexandre de Moraes concordou com a restrição, mas em menor extensão. Para Moraes, a prerrogati­va deveria valer para crimes cometidos a partir da diplomação dos parlamenta­res, independen­temente de terem relação ou não com o cargo.

O julgamento do foro será retomado com o voto do ministro Dias Toffoli, que pediu vista em novembro do ano passado. Segundo o Estado apurou, ele deverá acompanhar a tese de Moraes, considerad­a mais objetiva e com um marco temporal mais delimitado que a de Barroso.

Um dos receios de integrante­s do STF ouvidos pela reportagem é de que a proposta de Barroso dê margem a múltiplas interpreta­ções. Há casos de políticos investigad­os na Suprema Corte por terem recebido caixa 2 na campanha eleitoral – antes, portanto, de assumir o mandato, o que dificultar­ia o entendimen­to se o processo se enquadra ou não na tese de Barroso.

Toffoli já sinalizou a interlocut­ores que a restrição do foro deveria valer não apenas para deputados federais e senadores, mas para outros cargos. O ministro também questionou se legislaçõe­s estaduais podem dar prerrogati­va a autoridade­s locais, como procurador­es. Além de Toffoli, ainda não votaram os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowsk­i.

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