Opositor abrirá portas da Venezuela para Trump e CNN
Para Henri Falcón, medidas são a base de uma política de abertura; em comício, Maduro pede ‘10 milhões’ de votos
O opositor Henri Falcón, principal rival do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nas eleições do dia 20, prometeu ontem restabelecer o sinal da CNN e abrir as portas da Venezuela para o envio de ajuda humanitária pelo governo de Donald Trump.
“Senhor presidente Trump: prepare o envio de medicamentos e alimentos, porque vamos abrir os portos, aeroportos e nossas fronteiras para um canal humanitário”, disse Falcón, em encontro com jornalistas.
Segundo o candidato, ele permitirá a entrada de ajuda humanitária dos Estados Unidos, de países da América Latina e da Europa em razão da grave escassez de alimentos, de medicamentos e da hiperinflação. O governo Maduro nega a existência de uma “crise humana” e assegura que essas ofertas de ajuda respondem a um plano internacional para intervir militarmente na Venezuela.
Falcón anunciou ainda que, se ganhar as eleições, restabelecerá os sinais das redes internacionais de TV que o governo bloqueou no ano passado, como a CNN em Espanhol e os canais colombianos Caracol e RCN, acusados pelo chavismo de “propaganda” contra o governo.
O candidato descreveu essas medidas como bases de uma política de abertura do país. Segundo ele, um dos líderes desse processo será o social-cristão Eduardo Fernández, ex-candidato à presidência em 1988, que será seu chanceler.
Falcón decidiu se apresentar como candidato de oposição em uma eleição rejeitada pela coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal grupo antichavista da Venezuela. Os EUA, a União Europeia e vários países latino-americanos prometem não reconhecer a votação por não haver garantias mínimas para um resultado justo.
Ontem, na comemoração do Dia do Trabalho em Caracas, Maduro reuniu uma multidão de simpatizantes e pediu que o povo lhe dê 10 milhões de votos na eleição. No discurso, ele prometeu também vencer as “máfias econômicas” que responsabiliza pela crise que já dura cinco anos.
“Tenham o nome que tenham, estejam onde estejam, buscarei um por um os ladrões do povo”, disse Maduro, que há anos responsabiliza empresários e os governos de EUA e Colômbia pela hiperinflação e pela escassez generalizada no país.
Economistas atribuem a crise ao controle cambial exercido pelo governo, ao aumento desenfreado dos gastos públicos e à queda de produtividade da PDVSA, a estatal do petróleo.
Segundo institutos de pesquisas, a popularidade de Maduro ronda os 20%. O chavismo diz ter tido 8 milhões de votos nas últimas eleições regionais, uma cifra descrita como “impossível” pela oposição, que denunciou uma série de fraudes. Especialistas estimam o potencial de votos do chavismo entre 5 milhões e 6 milhões.
Teste. Maduro convocou ontem a população para participar de uma simulação eleitoral feita pelo governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e pelas “Unidades de Batalha Bolívar-Chávez” (UBCH), organizações comuns encarregadas de mobilizar eleitores. As UBCH, que começaram a funcionar durante o governo de Hugo Chávez sob outra denominação, têm uma lista de pessoas que devem ser conduzidas aos centros de votação.