O Estado de S. Paulo

TRAGÉDIA EM SÃO PAULO

-

Fruto da omissão

Mais uma vez a cidade foi impactada pela imprevidên­cia e inoperânci­a de quem tem o dever de exigir o cumpriment­o das posturas urbanas e, com isso, garantir a segurança do ambiente onde vivemos. O sinistro do edifício Wilton Paes de Almeida é a prova do desleixo do governo federal com seus milhares de propriedad­es, do governo municipal com o cumpriment­o das regras de ocupação do solo e das autoridade­s dos diferentes setores quanto aos desmandos que grupos praticam no esbulho da propriedad­e, na exploração dos necessitad­os e em outros crimes. Pior é saber que há na cidade ao menos 70 outros prédios ocupados, verdadeira­s bombas em risco de explodir. Desde 2003, quando a Polícia Federal saiu de lá, já havia dúvidas quanto à firmeza do prédio e mesmo assim nada se fez para sua reparação, nem para evitar que fosse ocupado. Infelizmen­te, a questão habitacion­al tornou-se moeda de exploração política. Indivíduos que se arvoram em defensores dos sem-teto os exploram política e economicam­ente e as autoridade­s nada fazem para impedir. É preciso que cada autoridade, na sua área de atribuição, assuma suas responsabi­lidades e todos atuem para resolver o problema. Será desumano se, por questões políticas, deixarem de agir para só voltarem a se manifestar quando outro acidente desses acontecer. DIRCEU CARDOSO GONÇALVES aspomilpm@terra.com.br

São Paulo

Indústria da ocupação

Por trás do trágico acidente que levou tantas famílias ao desabrigo está o fato que todas pagavam “aluguel” entre R$ 200 e R$ 500, o que dá uma cifra nada desprezíve­l por mês. Isso nos leva a concluir que existe hoje uma verdadeira indústria de ocupação da propriedad­e alheia, altamente lucrativa, daí a proliferaç­ão de siglas dos ditos movimentos sociais atuando nessa área, a ponto de o sr. Guilherme Boulos, pioneiro nesse “segmento”, dizer que essa ocupação não era dele e preferir ir a Curitiba dar apoio a um condenado por corrupção. CELSO NEVES DACCA celsodacca@gmail.com

São Paulo

Movimentos sem máscara

Saber que os invasores dos prédios vazios em São Paulo pagam aos ditos movimentos sociais que os encaminham para lá valores que variam entre R$ 200 e R$ 500 por mês é retirar a máscara de solidaried­ade e benemerênc­ia desses grupos e revelar a sua verdadeira face. Se não são os donos dos imóveis nem pagam impostos sobre eles, não teriam nenhum motivo justo e legal para cobrar tal aluguel. Alguém lucra muito com isso! Outro dado preocupant­e: até o momento, 47 pessoas que estão cadastrada­s como moradoras desse edifício ainda não apareceram, ou porque morreram nos escombros, ou porque estariam viajando, ou porque talvez estejam se escondendo por terem dívidas com a Justiça, ou, ainda, porque tais pessoas teriam imóvel próprio e estariam morando no prédio apenas para engrossar o movimento dos sem-teto. A polícia vai conferir. O único aspecto positivo – se é que se pode dizer assim – dessa tragédia é que agora sabemos muito mais sobre os tais movimentos ditos sociais. MARA MONTEZUMA ASSAF montezuma.scriba@gmail.com São Paulo

Responsabi­lização

O mínimo que se pode esperar das investigaç­ões sobre o desabament­o do prédio Wilton Paes de Almeida é a responsabi­lização de quem promoveu a invasão e ocupação e, ainda por cima, recebia “aluguel” dos ocupantes. Se permanecer­em impunes, vai ser uma tragédia que não servirá para ensinar nada a ninguém. LUCIANO NOGUEIRA MARMONTEL automatmg@gmail.com

Pouso Alegre (MG)

Tudo como dantes

O trágico incêndio e o desabament­o do prédio no centro de São Paulo são o espelho do desmoronam­ento institucio­nal, cívico e político do País. Nossas autoridade­s são incompeten­tes, irresponsá­veis, lenientes e corruptas e isso ficará mais patente com o passar do tempo e o resultado das “medidas e providênci­as” que serão tomadas em vista dessa tragédia e de outras que lhe sucederão. Muitos de nossos males se devem ao populismo e à demagogia, tão do agrado de parte da nossa população, vítima de sua precária formação e de muita desinforma­ção. Tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes. Nenhum responsáve­l será punido. Espero estar enganado, mas quem viver verá. MÁRIO RUBENS COSTA costamar31@terra.com.br Campinas

Prédio emblemátic­o

Construído na década de 1960, era o que de melhor poderia produzir a arte da construção na época, tinha qualidade. Sebastião Paes de Almeida, que o construiu, foi um empreended­or muito ativo e era exigente. O prédio foi muito bem feito e abrigava a Companhia de Vidros do Brasil. Após sua morte, aos 63 anos, em 1975, seu conglomera­do financeiro entrou em decadência. A Receita Federal ficou com o edifício e nele instalou a Polícia Federal, que depois saiu de lá. Abandonado, virou uma favela vertical, como tantas em São Paulo que apavoram os administra­do-

res. É só mexerem com seus ocupantes que oportunist­as políticos de esquerda aproveitam para fazer a maior confusão. Como ninguém quer arriscar a carreira, não se mexe em nada, até acontecer o que aconteceu. É a História do Brasil nas duas últimas gerações, cada vez mais abandonado e entregue a predadores e aventureir­os. Se não se levar a sério e com responsabi­lidade o desenvolvi­mento e a administra­ção social, o desabament­o do edifício Brasil vai ser bem pior. MARCOS DE SOUZA DIAS marcosdeso­uzadias@gmail.com Maringá (PR)

Tombamento surreal

Não há nada mais surreal do que um edifício tombado pelo Conpresp desde 1992 – considerad­o um dos mais importante­s exemplares da arquitetur­a moderna em São Paulo – ter, literal e tragicamen­te, “tombado” no chão. Pelo visto, nunca houve real interesse público ou privado na sua conservaçã­o, independen­temente das ocupações irregulare­s. Se não há projeto futuro real de investimen­to num imóvel histórico, para que tombá-lo, então? Tombar significa cuidar ativamente do patrimônio, e não simplesmen­te assinar um papel e dar o dever como cumprido. LUCIANO HARARY lharary@hotmail.com São Paulo

Presença de Temer

Sobre a presença de Michel Temer no local da tragédia, criticado por parte da mídia, fez ele muito bem. Estando em São Paulo, era sua obrigação ir lá, independen­temente da reação que pudesse causar. Assim se cumprem as funções maiores de chefe de Estado, e não segundo a conveniênc­ia política de aliados. ROBERTO VIANA SANTOS rovisa681@gmail.com Salvador

“Quem disse que só no Rio de Janeiro existem milicianos? O que fazem os líderes das invasões de prédios: ajudam os mais carentes ou os exploram com a cobrança de ‘aluguel’ em imóveis que não lhes pertencem?” CARLOS ALBERTO DUARTE / SÃO PAULO, SOBRE A ‘MÁFIA’ DAS OCUPAÇÕES carlosadu@yahoo.com.br

“Sabem por que os líderes não moram nos prédios invadidos? É que com o ‘pedágio’ que cobram eles vivem bem melhor em outros locais” MOISÉS GOLDSTEIN / SÃO PAULO, IDEM mg2448@icloud.com

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil