Protesto de caminhoneiros para estradas em 19 Estados
Caminhoneiros reivindicam preço diferenciado no combustível para o transporte de cargas
Um protesto de caminhoneiros contra o aumento no preço do diesel paralisou ontem rodovias em 19 Estados e no Distrito Federal, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Apenas em rodovias federais, a PRF contabilizava 124 pontos com manifestações até o fim da tarde. Para a Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), houve 127 bloqueios totais ou parciais, incluindo rodovias estaduais de São Paulo e Santa Catarina. A previsão era de que o protesto continuasse hoje.
Os caminhoneiros reivindicam preço diferenciado para o transporte de cargas e o fim da cobrança de pedágio para o eixo suspenso, além de melhoria no valor do frete. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, os reajustes constantes do diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustível tornaram a situação insustentável. “Mesmo com a mobilização marcada, o governo anunciou outro aumento (que entra em vigor hoje). Há correção quase diária, que dificulta a previsão de custos por parte do transportador.” Segundo ele, os protestos estão sendo pacíficos. “Não apoiamos barricadas, nem depredação de patrimônio público.”
O presidente da CNTA, Diumar Bueno, disse que a mobilização deve prosseguir por tempo indeterminado. “Vamos continuar até que o governo nos atenda”, afirmou.
De acordo com a Polícia Federal, os Estados com maior número de manifestações eram Paraná, com 20 bloqueios, Rio de Janeiro, com 15 estradas bloqueadas, e Minas Gerais e Bahia, com 14 pontos cada um. No Paraná, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva proibiu a interdição de rodovias, prevendo multa de R$ 100 mil por hora de bloqueio, mas permitiu protestos em meia pista, desde que o tráfego não fosse interrompido. Em Santa Catarina, houve 9 bloqueios, incluindo rotas de abastecimento das granjas de aves e suínos. Em Mato Grosso do Sul, no acesso a Campo Grande, manifestantes fizeram barricadas com pneus e atearam fogo.
Em São Paulo, os caminhoneiros entraram em comboios na capital, causando congestionamentos nas Marginais do Tietê e do Pinheiros e nas Avenidas Escola Politécnica e Jacu-Pêssego. Houve bloqueios em três pontos da Via Dutra, na Fernão Dias, em Atibaia, e no acesso à Refinaria de Paulínia. Em Jacareí, na Dutra, um caminhão que tentou furar o bloqueio foi apedrejado e teve o pneu furado.
Até o fim da tarde, segundo o presidente da CNTA, o governo não havia indicado que abriria negociação. “Acho que o governo vai nos procurar quando o movimento, que já é significativo, ganhar mais corpo. Vai começar a faltar produto”, disse. No Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, ainda há soja da safra sendo escoada por rodovias – por onde passam 56% da produção nacional. Com o aumento que entrou em vigor hoje, o preço médio do diesel nas refinarias subiu para R$ 2,3716.