Putin liga para treinador depois de goleada contra os sauditas
“Era o chefe de Estado no celular. Ele me ligou para me dar os parabéns e também pediu para que eu repassasse isso para todos os jogadores do time. Apenas disse que estamos aqui para fazer o nosso trabalho”. Foi assim, como se estivesse obedecendo as ordens de um general, que o coronel, ou melhor, o técnico da Rússia, Stanislav Cherchesov, contou que tinha recebido uma ligação com os parabéns de ninguém menos que o presidente Vladimir Putin, após a vitória de sua seleção em cima da Arábia Saudita por 5 a 0, na abertura da Copa do Mundo.
O resultado foi melhor do que qualquer russo esperava, mas o treinador fez questão de manter os pés no chão.
“A Copa está apenas começando. Nós ganhamos de 5 a 0, mas poderíamos ter empatado em 1 a 1 e estaria a mesma coisa aqui. É um torneio e temos que somar pontos”, disse o comandante.
Autor de dois dos cinco gols da Rússia, o meia Cheryshev era outro que manteve o discurso ‘humilde’ após o jogo. Ele nem usou sua atuação para reivindicar a titularidade no time.
“Eu já estou muito feliz apenas por estar no grupo de 23 jogadores que defendem a Rússia. Não vejo problemas em começar no banco. Eu respeito as ordens do meu treinador e não tenho o direito de ficar irritado por começar na reserva. Não tem problema nisso. Insisto: estou muito contente em ser mais um nesse elenco. Todos somos do mesmo nível”, disse o atleta.
Quem também estava feliz era o lateral-direito brasileiro naturalizado russo Mário Fernandes que, nas categorias de base, jogou no São Caetano e se profissionalizou no Grêmio, contou o que mudou em sua vida após sua chegada a Moscou, em 2012.
“Tinha problemas com a vida noturna, todo mundo sabia quando eu jogava no Brasil. Em Porto Alegre, eu saía mesmo, bebia e bebia muito. Então, claro que eu me arrependo disso. Hoje em dia, não faço mais. Pode perguntar para quem quiser”, afirmou o jogador, que chegou a recusar uma convocação da seleção brasileira.
“Virei profissional. Eu ainda sou novo, mas isso serviu de aprendizado para mim”, disse.
Do lado saudita, o técnico argentino Juan Antonio Pizzi lamentou. “Temos que nos levantar e tirar de dentro essa sensação de vergonha que todos estamos vivendo.”