Com ‘efeito Alckmin’, Bolsa sobe e dólar cai
Aproximação dos partidos do chamado Centrão de pré-candidatura tucana e cenário externo empolgam investidor; Ibovespa sobe 1,4%
O mercado financeiro recebeu com entusiasmo a sinalização de apoio dos partidos do chamado Centrão à candidatura do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou ontem com alta de 1,40%, aos 78.571,29 pontos – o maior nível desde junho. Já o dólar à vista teve uma queda de 1,7%, e encerrou o dia cotado a R$ 3,7768, menor patamar em quase um mês.
Faltando pouco mais de dois meses para o primeiro turno das eleições, líderes de DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade sinalizaram que os partidos apoiariam a chapa de Alckmin na disputa eleitoral, o que somaria minutos preciosos ao tempo de propaganda na TV do tucano.
O cenário político nebuloso
José Luis Oreiro
que o Brasil atravessa e o freio na recuperação econômica – já com expectativas de crescimento menores para este ano – preocupam o investidor. Como o exgovernador de São Paulo é considerado pelo mercado um dos presidenciáveis mais alinhados à agenda de reformas, um fortalecimento da sua candidatura empolga o setor financeiro.
Os partidos do Centrão chegaram a flertar com o ex-ministro Ciro Gomes, candidato da centro-esquerda pelo PDT e com um discurso que agrada menos o mercado, por ser considerado heterodoxo e oposto à agenda de reformas do governo Michel Temer.
As altas das ações das estatais ajudaram no desempenho positivo da Bolsa ontem. Essas empresas, além de terem grande valor de mercado, funcionam como um termômetro do ambiente político do País. No pregão de ontem, os papéis da Petrobrás fecharam em alta de 4,84% (PN) e 2,54% (ON). Já os da Eletrobrás subiram 5,63% e 4,92% ON e PNB, respectivamente. O destaque foi o Banco do Brasil, com alta de 5,3%. Outubro. “A Bolsa reagiu principalmente ao efeito Alckmin. O mercado gostou do fortalecimento do tucano na disputa eleitoral. Há duas semanas, todo mundo dizia que a candidatura dele era inviável. Ele pode ter cerca de 40% do tempo de TV, é preciso ver se isso se reflete em votos”, diz José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB).
“Esse otimismo se justifica menos pela figura do ex-governador em si e mais pelo que ele representa: a continuidade das reformas do governo Temer, embora não esteja claro que tipo de reformas o futuro presidente vai poder fazer”, diz.
A percepção é que a Bolsa e o câmbio vão ficar instáveis ao longo dos próximos meses, conforme a aproximação das eleições. O otimismo com a candidatura de Alckmin, dizem, poderá ser rapidamente revertido, caso o tucano não avance nas próximas pesquisas eleitorais.
Para o economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, a semana termina com perspectivas melhores para a centro-direita, mas é preciso esperar os próximos desdobramentos para ver. “Além de o apoio do centrão não necessariamente se traduzir em votos, é preciso saber o preço da aliança, o quanto Alckmin teria de diluir as reformas para manter esse apoio.”
Na avaliação de analistas ouvidos pelo Estado, grande parte do comportamento do mercado ontem se justifica pelo cenário eleitoral favorável a Geraldo Alckmin, mas também pesa o cenário exterior. Lá fora, uma declaração do presidente americano, Donald Trump, criticando a alta de juros no país, impactou na queda do dólar.
O cenário externo também contribuiu para a queda do dólar, uma vez que a moeda americana se enfraqueceu ante divisas fortes e emergentes, ainda como reflexo das manifestações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump contra as altas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
“O mercado financeiro gostou do fortalecimento da candidatura do tucano. Há duas semanas, todo mundo dizia que a candidatura de Geraldo Alckmin era inviável. Agora, ele pode ter cerca de 40% do tempo de TV, só é preciso ver se isso irá se refletir em votos.”
ECONOMISTA DA UNB