Manutenção: gasto ou investimento?
As construções de casas e prédios, dentre outras, possuem várias peculiaridades, que as diferenciam muito de produtos industrializados. Dentre essas singularidades, destacam-se o caráter praticamente artesanal de várias etapas construtivas e o fato das edificações interagirem com o solo e o ambiente de forma permanente e destes possuírem características que não são plenamente conhecidas.
Por tais motivos, dentre outros, não se pode esperar que um edifício seja livre de pequenas imperfeições na construção ou no acabamento, nem que permaneça anos a fio sem qualquer deterioração.
O remédio é simples: imperfeições são corrigidas ou se convive com elas; manutenção adequada permite que se evite deterioração ou que se reparem avarias, muitas delas com grande probabilidade de ocorrência.
Atualmente, muitos manuais de uso e conservação de edifícios trazem, de forma detalhada, quais são as manutenções regulares necessárias e a cada quanto tempo devem ser feitas.
Abandono. Infelizmente, é raríssimo encontrar construções em que as manutenções sejam feitas adequadamente e com a periodicidade necessária. Pelo contrário, muitos edifícios são praticamente abandonados à própria sorte desde novos.
São comuns demandas, em âmbito administrativo ou judicial, em que condomínios reclamam de construtoras por supostas falhas que, na realidade, são manifestações esperadas e cujos reparos estão explicitamente previstos nos manuais de uso e manutenção.
Muitas vezes, por falta de orientação adequada, itens reclamados permanecem sem nenhuma manutenção preventiva ou corretiva, enquanto se espera a solução para os pleitos apresentados.
Como é muito grande a morosidade dos processos judiciais e as deteriorações avançam em velocidade crescente após manifestação inicial de avaria, esse comportamento tem trazido prejuízos estéticos ou funcionais irreversíveis para muitas construções, desvalorizando-as.
A recomendação básica para não se chegar a essa situação é manutenção. Feita de forma adequada, permite que manifestações de pequena relevância sejam corrigidas, evitando seu agravamento, e que as mais significativas sejam atenuadas enquanto se discute a respeito da responsabilidade por eventuais intervenções de maior monta.