O Estado de S. Paulo

Facebook desativa rede de páginas ligadas ao MBL

Empresa diz ter detectado contas abertas com identidade­s falsas e desativa 196 páginas e 87 perfis relacionad­os ao Movimento Brasil Livre

- Daniel Bramatti Alessandra Monnerat Caio Sartori

O Facebook desativou ontem uma rede de 196 páginas e 87 perfis pessoais, que, segundo a rede social, são relacionad­os ao Movimento Brasil Livre (MBL), após investigaç­ão sobre contas abertas com identidade­s falsas, o que é vetado pela plataforma. Conforme a empresa, a rede “escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinforma­ção”. O MBL vai recorrer à Justiça.

O Facebook desativou ontem uma rede de 196 páginas e 87 perfis pessoais relacionad­os ao Movimento Brasil Livre (MBL), após uma investigaç­ão que detectou contas abertas com identidade­s falsas – o que é vetado pelos termos de uso da plataforma. De acordo com a empresa, a rede “escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinforma­ção”.

Segundo informaçõe­s obtidas pelo Estado, a investigaç­ão durou meses e derrubou não apenas perfis falsos, mas também usuários registrado­s com sua identidade real. Isso ocorreu porque o Facebook detectou conexões entre esses usuários e outras contas falsas.

Apenas nos casos em que houve “alto grau” de certeza de envolvimen­to com a rede irregular, de acordo com a análise do Facebook, é que páginas e contas foram desativada­s. Outros perfis foram poupados por falta de evidências suficiente­s de mau uso da plataforma.

Em nota, o MBL alegou perseguiçã­o ideológica. “Já há muito o Facebook tem sido alvo de atenção internacio­nal, por conta do viés político e ideológico da empresa, manifestad­o ao perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituiçõ­es e líderes de direita ao redor do mundo.”

De acordo com o MBL, as páginas desativada­s somavam 500 mil seguidores. Além de conteúdo sabidament­e relacionad­o ao movimento, a ação do Facebook tirou do ar as páginas Rio Conservado­r, que exaltava o deputado federal Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL, e Brasil 200, do movimento ligado ao empresário Flávio Rocha, que abriu da pré-candidatur­a à Presidênci­a pelo PRB.

A página principal do MBL no Facebook não foi afetada. Renan Santos e Renato Battista, dois líderes do movimento, usaram esse canal para revelar a desativaçã­o de seus perfis pessoais. Em um vídeo transmitid­o ao vivo, a dupla telefonou para o jornalista Brad Haynes, da agência Reuters, que revelou em primeira mão a iniciativa do Facebook, e cobrou explicaçõe­s. Quando Haynes explicou que não poderia falar, os dois desferiram ofensas contra o repórter.

O procurador Ailton Benedito, do Ministério Público Federal em Goiás, cobrou do Facebook a relação das páginas e perfis removidos e a justificat­iva.

Regras. Questionad­o pelo Estado sobre os critérios adotados para a punição de usuários, o Facebook listou diversos itens, entre eles situações em que “múltiplas contas trabalham em conjunto com a finalidade de enganar pessoas sobre a origem do conteúdo” e “sobre o destino dos links externos aos nossos serviços”. A empresa disse ainda que não se pode enganar pessoas “na tentativa de incentivar compartilh­amentos, curtidas ou cliques e com o objetivo de ocultar ou permitir a violação de outras políticas” de uso da plataforma. / COLABORARA­M MARIANNA HOLANDA e GILBERTO AMENDOLA

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LUCAS LACAZ RUIZ/FUTURA PRESS-28/4/2018 Reação. Kim Kataguiri, líder do MBL; movimento diz que páginas desativada­s somavam 500 mil seguidores

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