Acordo dos EUA com a UE anima Bolsa e derruba dólar
Trump recebeu na Casa Branca Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e anunciou que tarifas e barreiras serão zeradas enquanto estiverem negociando; europeus, por sua vez, vão comprar bilhões de soja e gás natural americanos
EUA e União Europeia fizeram acordo para evitar escalada de disputas comerciais. Donald Trump anunciou que a UE concordou em zerar tarifas, barreiras e subsídios enquanto houver negociações e que vai comprar soja e gás natural americano. No Brasil, a Bolsa fechou em alta de 1,34%. O dólar caiu 1,05%, para R$ 3,70.
Após diversos ataques em declarações públicas e por meio de tuítes com acusações de concorrência desleal, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu ontem o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e anunciou que americanos e europeus chegaram a um acordo para tentar evitar a escalada das disputas comerciais.
Trump anunciou que os europeus concordaram em zerar tarifas, barreiras e subsídios enquanto estiverem negociando. Além disso, pelo entendimento, a União Europeia vai comprar bilhões de dólares de soja e gás natural americanos.
O anúncio surpresa, feito por Trump e Juncker, desativou, por enquanto, uma batalha comercial que começou com as tarifas de Trump sobre as exportações de aço e alumínio e ameaçou chegar aos automóveis. “Estamos iniciando a negociação agora, mas sabemos muito bem para onde estamos indo”, disse Trump, ao lado de Juncker no jardim da Casa Branca.
“Eu tinha a intenção de fazer um acordo hoje e fizemos um acordo hoje”, disse, por sua vez, Juncker. Os dois lados, segundo ele, concordaram em adiar as novas tarifas e trabalhar para pôr fim às existentes em aço e alumínio, enquanto tentam fechar um acordo para eliminar tarifas, barreiras não tarifárias e subsídios em bens industriais, excluindo autos.
“Entramos em uma nova fase nas nossas relações. Temos a maior relação comercial de todo o mundo, de US$ 1 trilhão em transações bilaterais, e estamos lutando em conjunto em diversas frentes”, disse o presidente americano. Segundo Trump, Juncker também concordou em trabalhar em conjunto para reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Trump destacou que os EUA e a UE vão manter “diálogos estreitos sobre normas” para facilitar o comércio e reduzir a burocracia aduaneira. Segundo ele, um grupo de trabalho executivo será iniciado para a implementação de uma agenda.
Com isso, pelo menos por enquanto, o Departamento do Comércio americano deve adiar a imposição de tarifas sobre automóveis europeus. Na terça-feira, o Washington Post informou que Trump considerava implementar tarifa de 25% sobre veículos importados.
Na semana passada, a comissária para o Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, advertiu os EUA de que o bloco europeu estava preparando uma lista de produtos americanos que poderiam ser sobretaxados caso os EUA viessem a impor tarifas sobre automóveis europeus.
Otimismo. O mercado reagiu com otimismo com as Bolsas no Brasil e nos EUA renovando as máximas e o dólar ampliando queda generalizada. Na Europa, os mercados já estavam fechados quando o acordo foi anunciado e, assim, os efeitos devem ser registrados hoje.
Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,68% e a alta do Nasdaq foi de 1,17%. No Brasil, o Ibovespa superou os 80 mil pontos, com alta de 1,34%, aos 80.218 pontos, puxada também pelo resultado do Santander.
No mercado de câmbio, a notícia da reaproximação comercial entre EUA e UE beneficiou o euro, que chegou ao fim do dia em alta, a US$ 1,17. A menor tensão derrubou o dólar ante moedas emergentes. No Brasil, fechou em baixa de 1,05%, aos R$ 3,70, menor valor desde 25 de maio.