O Estado de S. Paulo

Acordo dos EUA com a UE anima Bolsa e derruba dólar

Trump recebeu na Casa Branca Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e anunciou que tarifas e barreiras serão zeradas enquanto estiverem negociando; europeus, por sua vez, vão comprar bilhões de soja e gás natural americanos

- WASHINGTON / VICTOR REZENDE E FRANCINE DE LORENZO COM AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

EUA e União Europeia fizeram acordo para evitar escalada de disputas comerciais. Donald Trump anunciou que a UE concordou em zerar tarifas, barreiras e subsídios enquanto houver negociaçõe­s e que vai comprar soja e gás natural americano. No Brasil, a Bolsa fechou em alta de 1,34%. O dólar caiu 1,05%, para R$ 3,70.

Após diversos ataques em declaraçõe­s públicas e por meio de tuítes com acusações de concorrênc­ia desleal, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu ontem o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e anunciou que americanos e europeus chegaram a um acordo para tentar evitar a escalada das disputas comerciais.

Trump anunciou que os europeus concordara­m em zerar tarifas, barreiras e subsídios enquanto estiverem negociando. Além disso, pelo entendimen­to, a União Europeia vai comprar bilhões de dólares de soja e gás natural americanos.

O anúncio surpresa, feito por Trump e Juncker, desativou, por enquanto, uma batalha comercial que começou com as tarifas de Trump sobre as exportaçõe­s de aço e alumínio e ameaçou chegar aos automóveis. “Estamos iniciando a negociação agora, mas sabemos muito bem para onde estamos indo”, disse Trump, ao lado de Juncker no jardim da Casa Branca.

“Eu tinha a intenção de fazer um acordo hoje e fizemos um acordo hoje”, disse, por sua vez, Juncker. Os dois lados, segundo ele, concordara­m em adiar as novas tarifas e trabalhar para pôr fim às existentes em aço e alumínio, enquanto tentam fechar um acordo para eliminar tarifas, barreiras não tarifárias e subsídios em bens industriai­s, excluindo autos.

“Entramos em uma nova fase nas nossas relações. Temos a maior relação comercial de todo o mundo, de US$ 1 trilhão em transações bilaterais, e estamos lutando em conjunto em diversas frentes”, disse o presidente americano. Segundo Trump, Juncker também concordou em trabalhar em conjunto para reformar a Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC).

Trump destacou que os EUA e a UE vão manter “diálogos estreitos sobre normas” para facilitar o comércio e reduzir a burocracia aduaneira. Segundo ele, um grupo de trabalho executivo será iniciado para a implementa­ção de uma agenda.

Com isso, pelo menos por enquanto, o Departamen­to do Comércio americano deve adiar a imposição de tarifas sobre automóveis europeus. Na terça-feira, o Washington Post informou que Trump considerav­a implementa­r tarifa de 25% sobre veículos importados.

Na semana passada, a comissária para o Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, advertiu os EUA de que o bloco europeu estava preparando uma lista de produtos americanos que poderiam ser sobretaxad­os caso os EUA viessem a impor tarifas sobre automóveis europeus.

Otimismo. O mercado reagiu com otimismo com as Bolsas no Brasil e nos EUA renovando as máximas e o dólar ampliando queda generaliza­da. Na Europa, os mercados já estavam fechados quando o acordo foi anunciado e, assim, os efeitos devem ser registrado­s hoje.

Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,68% e a alta do Nasdaq foi de 1,17%. No Brasil, o Ibovespa superou os 80 mil pontos, com alta de 1,34%, aos 80.218 pontos, puxada também pelo resultado do Santander.

No mercado de câmbio, a notícia da reaproxima­ção comercial entre EUA e UE beneficiou o euro, que chegou ao fim do dia em alta, a US$ 1,17. A menor tensão derrubou o dólar ante moedas emergentes. No Brasil, fechou em baixa de 1,05%, aos R$ 3,70, menor valor desde 25 de maio.

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EVAN VUCCI/AP Diálogo. No jardim da Casa Branca, Trump (D) e Juncker (E) anunciam que vão negociar

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