O Estado de S. Paulo

PSL adia cúpula da direita para evitar ações na Justiça

- Constança Rezende / RIO

Depois de um dia de hesitações do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) sobre a conveniênc­ia de participar da Cúpula Conservado­ra das Américas, a organizaçã­o do evento anunciou ontem sua transferên­cia de 28 de julho para 8 de dezembro. O temor de possíveis acusações de campanha antecipada, com risco de impugnação da candidatur­a na Justiça Eleitoral, foi crucial para a decisão do comando da legenda. O evento pretende congregar a direita latino-americana e se contrapor ao Foro de São Paulo, realizado semana passada em Cuba com a presença de representa­ntes da esquerda.

O Estado apurou que, inicialmen­te, Bolsonaro decidiu cancelar sua participaç­ão na cúpula – organizada pelos deputados do PSL Fernando Francischi­ni (PR) e Eduardo Bolsonaro (SP). Depois, ele chegou a cogitar ir à reunião, mas cancelar a palestra que estava programada. No início da noite, Eduardo anunciou em seu perfil do Facebook a mudança final. “A transferên­cia foi motivada pela posição do presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, no sentido de que o evento poderia gerar questionam­entos perante a Justiça Eleitoral”, escreveu.

Integrante­s do comando de campanha afirmaram que Bolsonaro teria ficado irritado com o custo do evento, que já chegaria a R$ 200 mil. Oficialmen­te, a organizaçã­o informa que a reunião custará no “máximo R$ 100 mil”, pagos pela Fundação Indigo, ligada ao partido. O Centro de Estudos em Seguridade (CES) apoiará o encontro.

A confusão em torno da reunião foi mais uma das dificuldad­es que têm envolvido a articulaçã­o da chapa do candidato, que lidera as pesquisas quando o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva é excluído. Bolsonaro não consegue atrair partidos para uma aliança que amplie seu tempo de propaganda no rádio e na TV, nem arregiment­ar um candidato a vice para compor sua chapa.

Há ainda rivalidade­s entre os antigos apoiadores de Bolsonaro, que o seguem ao longo de vários mandatos parlamenta­res, e os recém-chegados, atraídos pela campanha eleitoral. O presidente de honra e fundador do PSL, Luciano Bivar, protagoniz­a disputas com Bebianno e o vice do partido, Julian Lemos.

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