O Estado de S. Paulo

Lula nunca cogitou substituir candidatur­a, diz advogado

Advogado eleitoral do ex-presidente afirma que imbróglio sobre registro de petista pode continuar até depois da eleição

- Ricardo Galhardo

Em entrevista à TV Estadão, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, um dos responsáve­is pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na esfera eleitoral, disse que o petista nunca fez sequer uma pergunta sobre a possibilid­ade de substituiç­ão do candidato do partido à Presidênci­a. Segundo ele, existe a possibilid­ade de o imbróglio se estender até depois da eleição. “A não ser que ele disfarce muito bem, estou convencido de que a posição dele é clara de não só registrar a candidatur­a como de ir até o final. Ele nunca fez nenhuma pergunta sobre a substituiç­ão. Para mim ele nunca cogitou. Nestas interlocuç­ões que tive nunca fiquei com dúvida em relação ao propósito dele”, disse.

Na última semana, depois que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, negou ação do Movimento Brasil Livre (MBL) para antecipar a impugnação da candidatur­a de Lula, cresceu em setores do PT a impressão de que o ex-presidente não está disposto a indicar substituto e pode esticar a corda apara além da Justiça Eleitoral, levando o caso para o STF. Isso provocaria a inédita situação de um candidato a presidente preso, criando um cenário eleitoral de ainda mais dúvidas e instabilid­ade.

Segundo Pereira, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decida barrar Lula com base na Lei da Ficha Limpa, o PT terá uma encruzilha­da no dia 17 de setembro, quando termina o prazo para a troca de candidatos à Presidênci­a.

Até essa data o partido vai ter que escolher entre substituir Lula ou recorrer ao STF. Na segunda hipótese, existe chance legal de o nome do petista, líder nas pesquisas, figurar nas urnas eletrônica­s, mesmo preso. Em caso de vitória, a eleição estaria sub judice até a diplomação.

“Ele pode invocar o direito de ter o nome na urna como estes 145 prefeitos (que tiveram registros negados em 2016 mas conseguira­m se eleger) e se ganhar a eleição até a diplomação, que só deve ocorrer em meados de dezembro, ele pode reverter a condenação”, disse o advogado.

Interlocut­ores dizem que Lula fica irritado quando confrontad­o com o assunto. Foi o que aconteceu em recente conversa com dirigentes do PCdoB. Eles falaram sob a necessidad­e de Lula ser candidato e a impaciênci­a do mundo político. Lula respondeu de forma ríspida, questionan­do se os aliados queriam legitimar uma eleição sem ele. “Essa discussão vai se estender, a não ser que o ex-presidente Lula recue, até o dia anterior à diplomação”, disse Pereira.

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TV ESTADÃO Advogado. Luiz Fernando Pereira falou para a TV Estadão

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