O Estado de S. Paulo

FGV cria centro contra desinforma­ção na internet

- A.M. e CECÍLIA DO LAGO /

Analistas da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPPFGV) inaugurara­m ontem a Sala da Democracia Digital, uma espécie de “centro de operações” que vai monitorar o debate público durante a campanha eleitoral deste ano.

O objetivo da iniciativa é identifica­r tentativas de amplificaç­ão artificial de conteúdo, manipulaçã­o de informação com uso de robôs e uso das chamadas notícias falsas nas eleições 2018. O projeto também pretende acionar atores importante­s para impedir o fluxo da boataria online.

Uma sala da FGV do Rio de Janeiro foi reconfigur­ada para a ação, que durará até o fim da eleição. De lá, 38 pesquisado­res vão produzir relatórios diários publicados por meio de aplicativo web #observa201­8 sobre os temas que mais frequentem­ente são manipulado­s por conteúdo enganoso ou amplificad­os artificial­mente por perfis automatiza­dos.

Os analistas também vão monitorar as percepções da sociedade sobre a agenda de políticas públicas e o debate econômico, com o escopo focado em política. O Estado é um dos parceiros de mídia da DAPP-FGV. A rádio CBN, a agência de factchecki­ng Lupa e o portal digital Nexo Jornal também fazem parte do projeto.

Para o diretor da DAPP-FGV, Marco Aurélio Ruediger, há uma preocupaçã­o muito grande com a amplificaç­ão artificial de conteúdos durante o período eleitoral, devido ao fato dos “bots” (softwares que controlam contas de redes sociais se passando por usuários comuns) estarem cada vez mais sofisticad­os. “Os bots agora não servem apenas para fazer mais volume no número de seguidores, eles interagem. Seu modus operandi está ficando cada vez mais difícil de detectar”, afirma.

Um diferencia­l do monitorame­nto é a visão sistêmica sobre o fluxo de desinforma­ção no debate público, que é baseada em análise produzida pelo Instituto Tecnologia e Equidade (IT&E). A organizaçã­o mapeou os principais atores do cenário de comunicaçã­o eleitoral e identifico­u “pontos de alavancage­m” – ações que podem provocar mudanças estratégic­as. “Você precisa entender o que está acontecend­o, mas também precisa ativar atores dentro do sistema”, afirma o diretor do IT&E, Márcio Vasconcelo­s.

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