EMBATE PROVOCA REAÇÃO DA PLATEIA
Promotor e advogado divergem sobre prisões
Oembate entre o promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Ministério Público de São Paulo, e o advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira provocou reação da plateia durante o Fórum Estadão que debateu governança e segurança pública. Divergências principalmente sobre o uso de prisões marcaram as diferenças entre os dois debatedores e levaram a manifestações de quem acompanhava o evento.
Enquanto Mariz afirmava que prisões não são suficientes para evitar corrupção, Mendroni defendia a medida “imediatamente no começo da investigação”. Parte da plateia aplaudiu o promotor e protestou contra a fala do advogado.
Em pelo menos uma dessas manifestações contrárias a Mariz, o mediador do debate, o jornalista José Fucs, teve de pedir aos presentes que respeitassem o ponto de vista dos convidados. Mariz aproveitou para dizer que não se sentia incomodado. “O que a sociedade precisa entender é que há outro lado da moeda. Essa visão exclusivamente punitiva vai prejudicar muito cada cidadão e a sociedade como um todo.” O advogado recebeu apoio dos participantes após essa intervenção.
Mariz fez outro contraponto a Mendroni. “O que me parece grave é que a sociedade está vendo a prisão como a panaceia para todos os males, um instrumento de redenção.” Ao que alguém da plateia gritou: “É, sim”. Mariz retrucou: “Até o seu pai ser preso. Essa visão exclusivamente punitivista vai prejudicar muito. O direito penal é garantista, precisamos garantir a liberdade de todos”. Foi aplaudido e vaiado.
‘Serial killers’. A plateia também reagiu quando Mendroni comparou corruptos a serial killers. “O fundamento da prisão preventiva é esse: para pararem de cometer crimes. Esse tipo de gente se equipara indiretamente a um serial killer. O corrupto mata as pessoas indiretamente, porque esse dinheiro que rouba dos cofres públicos falta da saúde, do transporte, das assistências sociais.”
Durante o embate entre promotor e advogado, o juiz Sérgio Moro ficou no meio. Não entrou nas polêmicas e escapou de questões controversas sob a justificativa de que não poderia comentar por causa de sua posição.