O Estado de S. Paulo

TRÊS PERGUNTAS PARA...

Douglas Galante, do Laboratóri­o Nacional de Luz Síncrotron (LNLS)

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1. Qual é o impacto dessa descoberta? A grande novidade desse trabalho (divulgado ontem) é mostrar que existe pelo menos um bolsão – e portanto podem existir muitos outros – com água permanente­mente líquida. E que essa água não está no subsolo e sim na superfície do planeta, sob o gelo. Esse lago marciano é muito parecido com o Lago Vostok, na Antártida, que sabemos ser um ambiente habitável, mesmo a 30 quilômetro­s de profundida­de. Por isso, essa descoberta nos mostra que o ambiente marciano é mais habitável do que aparentava ser no passado.

2. Há alguma possibilid­ade de se fazer buscas por vida nesse lago? Com a tecnologia de que dispomos, é inviável porque nossas sondas não são capazes de perfurar o gelo marciano tão profundame­nte. Mas a descoberta indica que pode haver outros bolsões parecidos e em algum deles a água pode estar acessível. É questão de continuar buscando. O radar da ESA (Agência Espacial Europeia) precisou procurar de 2012 a 2015 até encontrar essa região com água. Temos de lembrar que Marte tem extensões muito vastas e é preciso tempo. Mas esses resultados reforçam nossas esperanças.

3. Marte passa a ser o principal alvo para a busca de vida? Não há uma resposta conclusiva para essa questão. Mas podemos dizer que Marte entra no grupo de candidatos a ter vida presente. Até agora, luas de Júpiter como Europa, ou de Saturno, com Encélado, eram considerad­os os locais mais propícios para a busca de indícios de vida presente. Marte teve no passado condições de habitabili­dade que se perderam com o tempo e era considerad­o um candidato à pesquisa sobre indícios de vida extinta. Mas agora sabemos que Marte também tem condições para abrigar vida atualmente.

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