O Estado de S. Paulo

Os dez desafios de Tite até o Catar

Treinador acerta novo acordo com a CBF até 2022, é oficializa­do e já trabalha para dar os próximos passos no comando da seleção brasileira

- Marcio Dolzan / RIO

O técnico Tite continua no comando da seleção brasileira. A CBF oficializo­u a renovação de contrato ontem e o treinador já projeta o trabalho para a Copa do Mundo do Catar, em 2022. Com a queda do time nas quartas de final do Mundial da Rússia, ele reinicia seu trabalho à frente do Brasil precisando recuperar atletas e com a obrigação de abrir espaço à geração de jogadores que está surgindo. Terá de melhorar em relação ao que foi na Copa do Mundo.

“Entendo que a CBF nos deu as condições para construir um ambiente de união e de profission­alismo extremo e assim continuare­mos. É um grande desafio e estamos felizes em enfrentá-lo, já com o foco voltado aos próximos jogos e competiçõe­s”, disse, após a renovação.

A nova realidade não é muito diferente daquela encontrada pelo técnico há dois anos, quando assumiu o Brasil em crise. O Brasil foi mal. Tite não é mais unanimidad­e e terá de superar novos desafios se quiser levar a seleção brasileira ao hexa. O Estado lista dez deles.

Trabalhar sem carta branca. Tite assumiu uma seleção em crise em 2016. Bombardead­o por denúncias envolvendo sua gestão, o ex-presidente da CBF Marco Polo del Nero não quis arrumar mais encrenca e acertou com o único técnico que contava com apoio da torcida. Assim, Tite se viu à vontade para impor seu trabalho. Agora, vai ter de batalhar pela concordânc­ia do futuro presidente, Rogério Caboclo, a cada projeto.

Sem unanimidad­e. O trabalho bem feito nas Eliminatór­ias fez do treinador uma quase unanimidad­e. Não é mais assim. Enquete do Estado apontou que o técnico conta com a aprovação de 72% dos torcedores. Ontem, muitas pessoas nas redes sociais criticaram a renovação de contrato do técnico, acusando-o de formar “panelinhas”.

Ser mais pragmático. Além do conhecimen­to tático, Tite é elogiado por jogadores pelo estilo protetor. O problema é que isso às vezes inclui manter na equipe atletas que estão deixando a desejar – foi assim na Copa do Mundo. Mudar o time pela necessidad­e urgente do resultado precisa entrar no radar.

Dar espaço à nova geração. Jovens como Vinícius Júnior (Real Madrid), Lucas Paquetá (Flamengo) e Arthur (Barcelona) deverão ganhar uma chance já na convocação para os amistosos de setembro. Além disso, Tite também terá de garimpar novos laterais, especialme­nte pelo lado direito.

Recuperar jogadores. O técnico terá de recuperar jogadores que foram mal na Rússia e têm potencial para o Catar. Gabriel Jesus é um deles. Além disso, Philippe Coutinho passa por fase de adaptação no Barcelona e, claro, há a questão de Neymar.

Neymar. Tite terá de repensar o tratamento dado ao atacante. O excesso de proteção a ele não ajudou nem se justifica. O mais caro atleta da história deixou de figurar na lista dos dez melhores do mundo. Tite terá papel importante na recuperaçã­o.

Líder dentro de campo. Daniel Alves e Thiago Silva foram os mais próximos do que se pode chamar de líder dentro da seleção desde que Tite assumiu. Mas, adepto do rodízio de capitães, o treinador não conseguiu fazer com que um jogador se destacasse nessa função. Dar à equipe um capitão incontestá­vel parece inevitável agora.

Devolver a autoestima. A seleção foi à Rússia como uma das favoritas ao título. Foi assim entre torcedores, foi assim no meio do futebol e foi assim entre a comissão técnica. Mas o futebol aquém do esperado e a queda nas quartas devolveram aquela sensação de que o futebol brasileiro ficou para trás.

Tite TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA “É um grande desafio e estamos felizes em enfrentá-lo, já com o foco voltado aos próximos jogos e competiçõe­s”

Conquistar a Copa América. A competição não tem muito apelo, mas Tite sofrerá grande pressão se não levar o Brasil ao título em 2019. Além de ser disputada no País, a seleção não vence a competição desde 2007.

Encarar os europeus. A Copa do Mundo demonstrou mais uma vez que o futebol europeu está à frente do sul-americano. De nada adiantou o Brasil sobrar nas Eliminatór­ias se os quatro semifinali­stas foram países do Velho Continente. Preparar-se para o Mundial do Catar superando equipes de bom nível da Europa é fundamenta­l.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO-16/6/2018 Permanênci­a. Tite e CBF oficializa­ram renovação do técnico, que, apesar de não conquistar o título na Copa da Rússia, fez bom trabalho

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