Procurado, Teixeira pediu ajuda de Rosell para viajar
Ex-presidente da CBF, que havia sido indiciado pelo FBI, queria evitar ser preso ao visitar ilhas paradisíacas na Ásia
O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, pediu a ajuda do ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para poder visitar ilhas paradisíacas na Ásia, mesmo depois de ter sido indiciado pelo FBI por corrupção e incluído em lista da Interpol. Isso é o que revela um grampo realizado em 16 de abril de 2017, pela Justiça espanhola.
Na conversa, o brasileiro deixa claro que buscava sair do Brasil, mas precisava da ajuda do empresário catalão e de seus contatos no Catar para permitir que a viagem pudesse ocorrer sem que ele fosse preso.
No ano passado, o Estado já havia publicado um trecho da conversa entre os dois dirigentes. Agora, na íntegra da conversa, o que se revela também é uma relação de negócios, assim como troca de favores entre os dirigentes.
Ontem, o Ministério Público da Espanha pediu 11 anos de prisão e uma multa de ¤ 59 milhões (cerca de R$ 257 milhões) para o ex-presidente do Barcelona, sob a acusação de lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia foi revelada com exclusividade pelo Estado em 2013 e resultou na abertura de um inquérito internacional.
Rosell está atualmente preso aguardando o julgamento. O ex-dirigente é acusado de lavar ¤ 19,9 milhões (R$ 72,8 milhões) da CBF, com parte dele indo para contas secretas de Ricardo Teixeira. O esquema teria desviado comissões ilegais de direitos de transmissão de 24 amistosos da seleção brasileira. Há, ainda, ¤ 5 milhões (R$ 18,3 milhões) do contrato de patrocínio da entidade com a Nike.
O ex-presidente da CBF ainda foi apontado pelos espanhóis como um dos chefes da organização criminosa e um pedido de prisão internacional foi emitido ainda em 2017. Sob a justificativa de investigar o caso no Brasil, o Ministério Público em Brasília solicitou a transferência do caso ao País. Mas o ex-cartola jamais foi preso.
A conversa grampeada ainda cita um certo Tamine, sem detalhar quem seria o alvo da influência. O emir do Catar, porém, é Tamim bin Hamad Al Thani. Nos EUA e na Suíça, o Catar é investigado por ter comprado votos para ser sede da Copa de 2022. Um dos suspeitos de ter sido comprado era justamente Teixeira.