O Estado de S. Paulo

Governo monta força-tarefa para leilão

Toffoli manteve venda de distribuid­ora da Eletrobrás, marcada para hoje; AGU acompanha ações na Justiça para barrar possíveis liminares

- Anne Warth / BRASÍLIA

O governo montou uma força-tarefa para monitorar qualquer decisão judicial que possa impedir o leilão da Cepisa, distribuid­ora da Eletrobrás no Piauí. O leilão da empresa está marcado para hoje na B3, em São Paulo. A Advocacia-Geral da União (AGU) está acompanhan­do em tempo real a movimentaç­ão em diversas instâncias judiciais nas quais advogados dos empregados estão atuando.

Na noite de ontem, o presidente interino do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, manteve o leilão da Cepisa, em duas decisões sobre o tema. Ele negou o pedido de medida liminar do Sindicato dos Trabalhado­res nas Indústrias Urbanas do Estado do Piauí para barrar o leilão e, em outro processo, não viu urgência no pedido do governo do Estado para a imediata suspensão da desestatiz­ação da distribuid­ora, o que, na prática, mantém o leilão.

Pedidos para suspender o leilão também foram negados pela Justiça Federal do Piauí e do Rio de Janeiro e pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região (TRT-1).

Dívida. A Cepisa será a única das seis distribuid­oras da Eletrobrás leiloada hoje – diante das dívidas da empresa, de R$ 2,4 bilhões, a licitação terá valor simbólico de R$ 50 mil.

As distribuid­oras que atuam no Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia serão vendidas no dia 30 de agosto, após a aprovação de projeto de lei que equaciona pendências das empresas no Senado. Uma liminar do ministro do STF Ricardo Lewandowsk­i impede o leilão da distribuid­ora de Alagoas, Ceal.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a Cepisa a aumentar a tarifa em 8,52% em 2017. Vencerá o leilão quem oferecer maior desconto sobre esse índice aos consumidor­es. O lance mínimo é de desconto de 61,31%, o que reduziria a tarifa em 5,22% para os consumidor­es. O desconto máximo será de 8,52% e, caso esse índice seja atingido e ainda houver interessad­os, a disputa se dará pelo maior bônus de outorga a ser pago ao Tesouro.

O sucesso da venda da Cepisa se tornou questão primordial para o governo. É preciso dar um sinalizaçã­o positiva aos acionistas da Eletrobrás para convencê-los a votar a favor da prorrogaçã­o da prestação temporária de serviços das distribuid­oras. O prazo se encerra no dia 31 e é preciso estendê-lo até 31 de dezembro. Se não for aprovado, será preciso liquidar as empresas, encerrar os serviços e demitir os trabalhado­res. A assembleia está marcada para 30 de julho.

Plantão. Para evitar riscos, o governo colocou dezenas de advogados e procurador­es dedicados ao plantão. Entre os envolvidos estão procurador­es da AGU em todo o País e consultore­s jurídicos dos ministério­s do Planejamen­to, Fazenda e Minas e Energia, além de escritório­s contratado­s pela Eletrobrás e pelo BNDES, que conduz o leilão.

O governo do Piauí tentou no STF ter o tratamento dado por Lewandowsk­i para a Ceal – uma ação do Estado de Alagoas contra a União cobra ressarcime­nto pela venda da companhia, assumida pela Eletrobrás há 20 anos, e, em contrapart­ida, a redução da dívida estadual.

O BNDES não divulgou os interessad­os em comprar o controle da empresa, mas confirmou ter recebido propostas.

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ELETROBRAS­PIAUI.COM Valor simbólico. Com dívida bilionária, distribuid­ora do Piauí será vendida por R$ 50 mil

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