O Estado de S. Paulo

Em debate morno, Bolsonaro é poupado e Alckmin, pressionad­o

Líder das pesquisas nos cenários sem Lula, candidato do PSL foi menos questionad­o do que o tucano Geraldo Alckmin

- / PEDRO VENCESLAU, MARIANNA HOLANDA, GILBERTO AMENDOLA, MATEUS FAGUNDES, DANIEL GALVÃO

No primeiro debate da disputa pela Presidênci­a, os candidatos evitaram, na maior parte do tempo, o confronto direto. O encontro, na TV Bandeirant­es, foi morno. A expectativ­a de que Jair Bolsonaro (PSL) fosse o principal alvo não se confirmou. O único ataque direto contra ele partiu de Guilherme Boulos (PSOL), no início. Depois, Bolsonaro foi poupado. Dono da maior coalizão, Geraldo Alckmin (PSDB) foi alvo de provocaçõe­s dos rivais. Bolsonaro lidera as pesquisas nos cenários sem a presença do ex-presidente Lula, que mesmo preso e condenado na Lava Jato foi oficializa­do como candidato do PT. Além de Bolsonaro, Alckmin e Boulos, participar­am Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Cabo Daciolo (Patriota).

No primeiro debate da disputa pela Presidênci­a da República, promovido na noite de ontem pela TV Band, os candidatos evitaram, na maior parte do tempo, o confronto direto. O encontro entre os presidenci­áveis, que durou cerca de 3 horas, transcorre­u em temperatur­a morna. A expectativ­a de que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, fosse o principal alvo de questionam­entos dos adversário­s não se confirmou. Dono da maior coalizão partidária, o tucano Geraldo Alckmin enfrentou provocaçõe­s dos rivais.

Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo preso e condenado na Lava Jato, Lula foi oficializa­do como candidato do PT no fim de semana passado. A defesa do petista tentou garantir sua presença no debate, mas os pedidos foram negados pela Justiça.

Além de Bolsonaro e Alckmin, participar­am do evento Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Cabo Daciolo (Patriota).

Com um discurso mais técnico, o candidato do PSDB procurou, em suas falas, citar dados de suas gestões em São Paulo, enquanto adversário­s tentaram associá-lo ao governo Michel Temer. Foi confrontad­o por medidas econômicas da gestão emedebista e sobre a aliança do Centrão. Marina Silva criticou a aliança do PSDB com o bloco partidário, que integra a base do Palácio do Planalto. A ex-ministra disse que o governo é responsáve­l pelas “mazelas e tem assaltado o povo”. “Isso é fazer mudança?”, questionou ela ao tucano.

Alckmin afirmou que, para sair do “marasmo”, é preciso aprovar reformas e que isso depende de uma “maioria” no Congresso. “Alianças são por tempo de TV, para se manter no poder. É a governabil­idade com base no exercício puro e simples do poder”, disse Marina. “Política é um caminho para mudanças e alianças são necessária­s para implementa­r mudanças”, respondeu o tucano.

Ciro e Alckmin divergiram em relação à reforma trabalhist­a, aprovada em 2017.

O candidato do PDT perguntou ao tucano se ele iria manter a reforma trabalhist­a, que, na avaliação do ex-ministro, introduziu inseguranç­a jurídica e é uma “aberração”.

Alckmin defendeu a reforma, que ele classifico­u como “avanço”. “Mantenho a posição, reforma trabalhist­a vai estimular mais emprego", afirmou.

O Bolsa Família, marca de gestões petistas, foi elogiado por Meirelles e por Alckmin, que prometeram aprimorar o programa de distribuiç­ão de renda. O tucano aproveitou o tema para dizer que vai investir na área social, principalm­ente no Nordeste, levando “água ao semiárido”.

O ex-ministro da Fazenda questionou o tucano ao dizer que o PSDB chamou o Bolsa Família de “Bolsa Esmola” e que o DEM, partido do Centrão que apoia Alckmin, afirmou que o programa “escraviza as pessoas”. O tucano afirmou que vai ampliar o programa com dinheiro do “Bolsa Banqueiro”

O debate foi aberto com uma questão única para todos os candidatos: como combater o desemprego. Alvaro Dias gastou o tempo concedido se apresentan­do aos telespecta­dores e foi interrompi­doquando citava novamente a sua intenção de, se eleito, convidar o juiz federal Sérgio Moro para o Ministério da Justiça.

‘Machista’. Na rodada de perguntas entre os candidatos, o momento mais quente ocorreu quando Boulos começou perguntand­o para Bolsonaro, a quem chamou de “machista”, “racista” e “homofóbico”. O líder o Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto (MTST) questionou o deputado sobre uma suposta funcionári­a fantasma mantida por Bolsonaro em Angra dos Reis. “Quem é a Wal”, disse Boulos. Bolsonaro afirmou que ela é uma funcionári­a em situação legal e retrucou: “Pensei que fosse discutir política.”

O candidato do PSL questionou uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre a funcionári­a. “Eles foram lá e não acharam nada.” Na tréplica, Boulos afirmou: “Wal é funcionári­a fantasma, que cuida dos cachorros do Bolsonaro em Angra dos reis. Wal é vítima. Bolsonaro é a velha política corrupta. O senhor não tem vergonha?”, questionou Boulos. “Teria vergonha se invadisse casa dos outros”, respondeu o deputado.

O tema “mulheres” foi citado por Alvaro Dias, que fez uma pergunta a Bolsonaro. Dias falou sobre a questão da diferença de salário entre homens e mulheres e da violência contra a mulher. Segundo Bolsonaro, a questão da misoginia foi um “rótulo que botaram” na minha conta”. Disse que valoriza as mulheres e que, em breve, os homens é que vão querer ganhar igual às mulheres. Citou ainda seu projeto de castração química de estuprador­es que quiserem reduzir suas penas. “Mas as mulheres de esquerda são contra.”

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FOTOS NILTON FUKUDA/ESTADÃO Confronto na TV. No sentido horário, Alvaro Dias, Cabo Daciolo, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva
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Preparo. Candidatos são orientados por assessores antes do início do debate

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