O Estado de S. Paulo

Bombardeio mata 29 crianças no Iêmen

Ataque da coalizão que combate os rebeldes houthis também deixou 43 mortos no total

- SAADA, IÊMEN

Ataques aéreos da coalizão liderada por Arábia Saudita e Emirados Árabes à região iemenita de Saada, ontem, mataram 43 pessoas, incluindo 29 crianças que viajavam em um ônibus. Outras 61 pessoas ficaram feridas. A coalizão afirmou que os bombardeio­s contra o Iêmen tinham lançadores de mísseis dos rebeldes houthis como alvo.

Segundo o Comitê Internacio­nal da Cruz Vermelha, as bombas atingiram um mercado e um ônibus na zona dominada pelos rebeldes.

Uma equipe da organizaçã­o de defesa dos direitos da criança Save the Children, que atua na área, afirma que as dezenas de crianças no ônibus voltavam para a escola após um piquenique, quando o motorista do ônibus parou para comprar algo para beber.

A coalizão saudita, apoiada pelo Ocidente, luta em defesa do governo do Iêmen contra os rebeldes da minoria houthi, milícia xiita aliada do Irã. A aliança disse que os ataques tinham como alvo lançadores de mísseis utilizados no ataque à cidade saudita de Jizan, na quarta-feira. A coalizão acusou os houthis de usar crianças como escudos humanos e afirmou que os ataques foram realizados respeitand­o “a lei humanitári­a internacio­nal”.

A Cruz Vermelha respondeu que o “direito humanitári­o internacio­nal assegura que civis sejam protegidos durante conflitos”. Já o secretário-geral do Conselho Norueguês para Refugiados, Jan Egeland, disse que o ataque foi “grotesco e vergonhoso” e mostrou “desrespeit­o pelas regras da guerra”.

As sequelas da guerra, que começou em março de 2015, não param de crescer. Estima-se que 50 mil pessoas morreram até agora. A crise humanitári­a do Iêmen é considerad­a a pior do mundo. Com mais de 3 milhões de deslocados pela guerra, e com a economia sitiada e em ruínas, a ONU diz que a falta de comida pode colocar em risco 22 milhões de pessoas, 75% da população.

O conflito tornou-se uma guerra por procuração, colocando forças apoiadas pelos EUA, como Arábia Saudita e Emirados Árabes, contra rebeldes apoiados pelo Irã. Os EUA, que há anos conduzem operações de contraterr­orismo no Iêmen, estão expandindo seu papel, com apoio militar e logístico ao governo iemenita. Ataques aéreos realizados pela coalizão também têm apoio logístico e de inteligênc­ia dos EUA.

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STRINGER / AFP) Vítimas. Criança iemenita ferida em ataque saudita em área controlada por rebeldes; alunos voltavam de piquenique

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