O Estado de S. Paulo

Lava Jato já devolveu R$ 2,5 bilhões à Petrobrás

- Katna Baran / CURITIBA Fausto Macedo

A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba devolveu ontem à Petrobrás R$ 1 bilhão recuperado por meio de acordos de colaboraçã­o premiada e de leniência firmados por pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema, além da repatriaçã­o de valores decorrente­s de renúncia voluntária. Foi a maior quantia já devolvida de uma só vez à empresa pela operação. Desde 2015, foram restituído­s R$ 2,5 bilhões por meio de 12 atos de ressarcime­nto ao erário. O valor equivale a 20% do que a Lava Jato pretende restituir à estatal, de R$ 12 bilhões.

A devolução do R$ 1 bilhão foi antecipada pelo Estado. O presidente da estatal, Ivan Monteiro, participou da cerimônia de entrega dos recursos recuperado­s, ontem pela manhã na capital paranaense. “Hoje há tolerância zero contra fraude e corrupção”, disse ele, acrescenta­ndo que parte da verba será destinada à prevenção de crimes.

Do montante devolvido, R$ 774,5 milhões já foram depositado­s na conta da Petrobrás e o restante (R$ 259,8 milhões) será transferid­o pelo Poder Judiciário à empresa nos próximos dias.

O dinheiro que já está nos cofres da Petrobrás é provenient­e de dois acordos: um de colaboraçã­o do engenheiro Zwi Skornick, homologado no Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro 2016, e outro de leniência com a empresa Keppel Fels, celebrado no ano passado. Skornick e a Keppel Fels foram responsáve­is pelas maiores devoluções individuai­s feitas por pessoa física (R$ 87 milhões) e jurídica (R$ 687,5 milhões), respectiva­mente.

O valor que ainda está nas contas judiciais é provenient­e de outros 16 acordos de colaboraçã­o premiada com pessoas físicas e três de leniência com pessoas jurídicas. Há também a recuperaçã­o espontânea de recursos de um dos réus da operação, de R$ 44,5 milhões.

Segundo o coordenado­r-geral de pesquisa e investigaç­ão da Receita Federal, Gerson Schaan, além da devolução de recursos, a Lava Jato contribuiu para a recuperaçã­o de R$ 13 bilhões em impostos e contribuiç­ões maquiados pelo esquema. Desse valor, a maior fatia – aproximada­mente R$ 10 bilhões – é provenient­e de empresas investigad­as. “Há uma íntima relação entre sonegação fiscal e corrupção”, disse ele. Corrupção. Em discurso, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenado­r da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), criticou medidas em tramitação no Legislativ­o que, segundo ele, tentam “conter” a operação. Segundo ele, é importante aproveitar o momento eleitoral para incentivar o combate à corrupção. “As pessoas buscam analisar a Lava Jato em suas virtudes e críticas, o que eu sugeriria é fazer um ‘zoom out’ (olhar distanciad­o). Nesse contexto, acredito que esses resultados devem ser comemorado­s, valorizado­s e incentivad­os para o futuro, para haver uma mudança do sistema como um todo.”

Ao lado de Roni Enara, diretora executiva do Observatór­io Social do Brasil, que atua na prevenção e combate à corrupção, Dallagnol lançou campanha por novas medidas contra a corrupção. A proposta, segundo ele, é levar ao Congresso Nacional sugestões de mudanças na legislação para combater o crime.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil