O Estado de S. Paulo

ES tem surto de forma mais grave da malária

Duas comunidade­s vizinhas já relataram 106 casos e 1 morte; secretaria iniciou ações e apura se as infecções não foram importadas

- Roberta Jansen / RIO

O Espírito Santo enfrenta um surto inédito da forma mais grave da malária – causada pelo parasita Plasmodium falciparum que, normalment­e, só ocorre na Região Norte do País, onde a doença é endêmica. O Estado já registrou 106 casos da infecção por mosquitos Anopheles. Uma pessoa morreu.

Segundo o secretário estadual de Saúde, Ricardo Oliveira, os casos estão concentrad­os nas comunidade­s vizinhas de Vila Pavão (86 casos), onde foi decretada situação de emergência, e Barra de São Francisco (20 casos).

As duas comunidade­s têm uma população grande provenient­e de Rondônia. A Vigilância Sanitária acredita que o surto tenha sido causado por um caso importado, embora a hipótese não esteja comprovada.

“O número de casos está aumentando porque estamos na região e estamos identifica­ndo os infectados”, explicou Oliveira. “A doença, na verdade, estava circulando ali há uns 30 dias, mas só constatamo­s na semana passada. Agora, estamos usando inseticida para matar o mosquito e identifica­ndo, por meio de uma busca ativa, as pessoas infectadas.”

Com o apoio do governo federal, o Estado montou uma força-tarefa de combate à infecção no município de Vila Pavão. Um laboratóri­o capaz de entregar o resultado do exame em meia hora foi instalado. Carros de fumacê estão percorrend­o os municípios da região, aspergindo inseticida.

Com a decretação da situação de emergência, está autorizada também a adoção de medidas administra­tivas necessária­s à contenção do surto, entre elas a aquisição de insumos necessário­s ao atendiment­o emergencia­l da população. Os capixabas estão recebendo repelente e sendo orientadas a usar blusas de manga comprida e calças para se protegerem, além de mosquiteir­os.

A prefeitura de Vila Pavão vetou ainda a realização de eventos festivos, religiosos e esportivos – que reúnem muitas pessoas em um mesmo espaço – pelos próximos 30 dias. O objetivo é esperar até que se tenha um quadro mais claro da situação.

Os sintomas mais comuns da malária são febre, fadiga, vômitos e dores de cabeça. Em casos graves, a doença pode causar icterícia, convulsões, coma e morte. A maior parte das mortes é causada pelo P. falciparum, que normalment­e só ocorre na Região Norte. As espécies P. vivax, P. ovale e P.malariae geralmente causam formas mais brandas da doença. Quando a infecção não é tratada apropriada­mente, ela pode retornar meses mais tarde.

Não existe vacina para a doença. Mas, nas áreas endêmicas, além das barreiras físicas, alguns medicament­os são usados como prevenção.

Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, em 2016 o País registrou o menor número de casos em 37 anos, 129.243. No entanto, em 2017, o número voltou a subir e foram feitas 194.372 notificaçõ­es. Neste ano, entre janeiro e junho, houve 92.357 relatos.

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FRED CUREIRO PORTAL MS Força-tarefa. Governo instalou laboratóri­o e usa fumacê

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