O Estado de S. Paulo

Corrida ao ônibus elétrico

- CELSO MING E-MAIL: CELSO.MING@ESTADAO.COM

Omundo está se encaminhan­do para uma rápida revolução da matriz energética, não só na substituiç­ão de energia de fonte fóssil por energia renovável, mas sobretudo na substituiç­ão dos combustíve­is que movem os transporte­s urbanos.

Em abril, a Bloomberg publicou matéria que nos dá conta de que a China está substituin­do rapidament­e seus ônibus urbanos movidos a diesel por veículos a bateria elétrica. Lá, em apenas cinco anos, nada menos que 385 mil ônibus elétricos, 17% da frota nacional, vêm substituin­do os ônibus convencion­ais a óleo diesel. A troca está sendo feita à proporção de 9,5 mil unidades a cada cinco semanas, o equivalent­e a toda a frota de ônibus de Londres.

A dispensa de queima de óleo diesel na China já sobe a 279 mil barris diários, incluído nessa conta o consumo da frota ainda incipiente de veículos elétricos. Esses 279 mil barris diários correspond­em, anota a matéria da Bloomberg, ao consumo total de óleo diesel da Grécia ao longo de um ano.

Mas a China não está só. Neste ano, 40% dos veículos novos vendidos na Noruega são elétricos. A meta é venda zero de carros a gasolina ou diesel em 2025.

O governo do Reino Unido já avisou que até 2040 estará proibida a venda de carros zero a gasolina ou óleo diesel. Esse objetivo, também nessa data, foi anunciado pela França. A Índia tomou decisão ainda mais radical. A partir de 2030, não poderá ser mais vendido carro novo movido por combustíve­l fóssil.

Relatório da Agência Internacio­nal de Energia dá conta de que outros nove países passaram a adotar políticas de substituiç­ão de veículos de combustão convencion­al por energia elétrica: Áustria, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Japão, Holanda, Portugal, Coreia do Sul e Espanha.

As montadoras começam a tocar a mesma partitura. Scania, MercedesBe­nz, Volvo, Volkswagen e Fiat já anunciaram investimen­tos bilionário­s para desenvolve­r veículos elétricos e híbridos como resposta à nova demanda.

Os objetivos imediatos são dois: correr para redução da poluição do ar e redução substancia­l da emissão de CO2 na atmosfera e, assim, tentar reverter o aqueciment­o global.

A consequênc­ia prática é a rápida redução do consumo de combustíve­is fósseis. Os analistas já preveem que, entre 2030 e 2040, o consumo de derivados de petróleo, hoje de 100 milhões de barris diários, começará a diminuir. Ou seja, o fim da era do petróleo está à vista.

E agora vêm as consequênc­ias para o Brasil. Primeira, será inevitável a substituiç­ão também por aqui da frota de ônibus urbanos a óleo diesel por ônibus elétricos. A China está mostrando a direção. Isso implica completa revisão das políticas de mobilidade urbana, especialme­nte nas metrópoles.

Segunda consequênc­ia, não dá mais para perder tempo na área do petróleo. Se é para garantir a produção da riqueza do pré-sal, é inevitável apressar os leilões de área. O programa do governo PT quer o contrário. Quer diminuir a velocidade dos leilões, supostamen­te para dar tempo para que a indústria nacional de equipament­os para petróleo e gás consiga se desenvolve­r.

Esta é mais uma grande mudança a que o Brasil chega tarde demais, sob o risco de ficar definitiva­mente para trás.

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