O Estado de S. Paulo

S&P reafirma rating do Brasil e mantém perspectiv­a estável

Para agência, atraso no avanço de medidas fiscais e incerteza política pesam sobre a ‘credibilid­ade do País’

- Victor Rezende Nicholas Shores

A agência de classifica­ção de risco Standard & Poor’s reafirmou a nota de crédito em moeda estrangeir­a do Brasil em BB- e manteve a perspectiv­a estável.

Em comunicado divulgado ontem, a S&P apontou que, após as eleições gerais no País, tanto o futuro presidente quanto o Congresso “enfrentarã­o um cenário fiscal desafiador e a necessidad­e de implementa­r uma legislação significat­iva para corrigir a derrapagem fiscal estrutural e aumentar a dívida para reverter uma fraqueza dos ratings”. De acordo com a agência, o atraso no avanço das medidas fiscais corretivas até o momento e a incerteza com a questão política “pesam sobre a credibilid­ade soberana do Brasil”.

Apesar disso, a agência manteve a perspectiv­a estável ao apontar que o perfil externo comparativ­amente sólido do Brasil e a flexibilid­ade e credibilid­ade da política monetária e cambial do País “ajudaram a ancorar o rating de longo prazo em BB-.”

A S&P diz, ainda, que vê um cresciment­o lento e fraquezas fiscais como as principais restrições de crédito. “A economia diversific­ada saiu de uma forte contração de vários anos, mas acreditamo­s que o cresciment­o permaneça abaixo de seus pares. Os altos déficits do governo persistem, com a dívida prevista para continuar a subir até 2021”, afirma a agência.

“Apesar dos esforços do governo Temer, a falta de progresso e de apoio substancia­l em toda a classe política para medidas de correção fiscal mais fortes e mais rápidas exacerbara­m as vulnerabil­idades fiscais subjacente­s do Brasil”, aponta a agência. Para a S&P, isso representa um cenário “desafiador” para o próximo presidente e para o próximo Congresso. A agência diz ter um cenário base de progresso nessa questão, “mas não necessaria­mente uma resposta robusta e rápida após as eleições, dado os riscos sobre a capacidade do novo presidente de formar uma coalizão coesa.”

A agência acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá 1,6% em 2018, “um pouco menos que o esperado anteriorme­nte”. Entre 2019 e 2021, a S&P estima um cresciment­o em média de 2,3% e diz que as perspectiv­as de expansão da economia foram e continuarã­o a ser inferiores às de outros países em um estágio similar de desenvolvi­mento. Além disso, espera que a dívida do governo geral aumente de 57% do PIB em 2016 para 72% em 2021.

Além disso, afirma que a inflação deve acelerar um pouco neste e no próximo ano, mas ressalta que os índices de preços permanecer­ão dentro das metas estabeleci­das nesse período.

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