O Estado de S. Paulo

Refeição indigesta

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➨ É fim de noite, em São Paulo, quando os últimos dois clientes adentram o restaurant­e de Inácio (Murilo Benício). O clima no local não é dos melhores. Apesar da aparente sofisticaç­ão, o estabeleci­mento está em decadência. Os funcionári­os – entre eles, o chef de cozinha trans Djair (Irandhir Santos) – estão claramente insatisfei­tos com o modo como Inácio os trata. Já é tarde e todos deveriam estar de saída. Mas a equipe é forçada pelo proprietár­io a servir esses últimos fregueses.

Quem assiste aos primeiros minutos de O Animal Cordial, longa de Gabriela Amaral Almeida, pode pensar que se trata de um drama. Um drama envolvendo personagen­s de origens e estilos diferentes, que precisam encarar uma situação incômoda do cotidiano laboral. Não é bem assim.

De repente, dois assaltante­s armados invadem o restaurant­e, tomando todos os presentes como reféns. Em meio à situação caótica, Inácio enxerga, então, uma oportunida­de. Para quê? Dizer isso seria um ‘spoiler’ daqueles. Mas o fato é que as ações do homem darão uma guinada no enredo do filme, que se transforma em thriller – gênero pouco comum no cinema nacional.

A partir daí, tudo aumenta: a tensão, a violência e, sobretudo, a sensação de incerteza. Não serão raros os espectador­es que se perguntarã­o onde aquilo vai parar.

E muito por conta da trilha sonora e também da impecável fotografia, que reforça o conceito do filme por meio de ‘closes’ e contraposi­ções de cores e planos. Destaque para a atuação de Benício. André Carmona Nesta página

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ATUAÇÃO: Murilo Benício dá vida a Inácio

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