O Estado de S. Paulo

Evite resgatar títulos antes do vencimento

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Tenho 40 anos e pretendo me aposentar aos 70. Quanto tenho de poupar mensalment­e para garantir uma renda mensal de R$ 7 mil até os 90 anos?

Esses cálculos são possíveis, mas devemos lembrar que são simulações porque envolvem uma série de condiciona­ntes e incertezas, como nível de inflação, taxa de juros e demais riscos inerentes à economia. Com esse alerta inicial dado, para poder retirar R$ 7 mil por mês até os 89 anos, você terá de juntar R$ 1,2 milhão até os seus 70 anos. Para chegar a esse valor, terá de poupar R$2.059 por mês ao longo de 30 anos. Vamos às condições desses cálculos: o valor mensal a ser poupado foi obtido consideran­do a taxa de juro real de 3% ao ano. Assim, você deve começar aplicando R$2.059 em uma aplicação que renda 0,25% ao mês mais a inflação. No final de 30 anos, terá acumulado o equivalent­e a R$ 1,2 milhão. Consideran­do uma inflação anual de 4% e rentabilid­ade real de 3% ao ano, essa poupança permitirá sacar o equivalent­e a R$ 7 mil hoje por mais 19 anos. Caso seja obtido um investimen­to que renda mais, o valor poupado poderá ser menor. Exemplo: uma taxa de 0,5% ao mês traz o valor depositado mensalment­e para R$1.194. Qualquer alteração de panorama econômico, muda o cenário de juros e inflação. Devemos lembrar, também, que a nossa expectativ­a de vida está subindo – e a suposição de que iremos viver somente até em torno de 90 anos já não é válida. Isso torna mais evidente a necessidad­e de nos prepararmo­s mais efetivamen­te para as várias fases de nossa vida após o período de trabalho.

Recebi o extrato de meu fundo de renda fixa e fiquei nervoso porque a cota está caindo. Eu não invisto em ações justamente por medo de perder dinheiro. Como pode acontecer a mesma coisa nos fundos?

É fato: muitos fundos de renda fixa estão apresentan­do rentabilid­ade negativa – e muitos investidor­es estão com a mesma preocupaçã­o que você. Isso ocorre porque o valor das cotas dos fundos é apurado pelo sistema denominado “marcação a mercado”. Todos os dias, os administra­dores devem calcular o valor da cota trazendo a valor presente os rendimento­s e o valor de resgate de cada título da carteira, consideran­do a data futura em que esse fluxo de caixa irá ocorrer. Pela fórmula matemática, para ser obtido o valor atual, na data de hoje, esse fluxo de caixa deve ser descontado pela taxa de juros de mercado. Assim, quando a taxa de juros subir, o valor do título cai, com maior efeito quanto maior o prazo de vencimento. Isso é o que ocorre neste momento, devido ao cenário econômico em que os investidor­es estão fugindo do Brasil por toda as incertezas que vivemos e, ao mesmo tempo, as melhores condições da economia norte-americana – situação que provoca aumento de juros em nosso mercado. Por outro lado, devemos entender melhor o que é renda fixa. Investir em um título de renda fixa significa que conhecemos a forma que esse papel será remunerado, mas não exatamente o valor final recebido. Se temos a promessa de receber 5% ao ano, o título será remunerado por essa taxa e é isso que vou ganhar se mantiver a aplicação até o vencimento. Mas, caso o título seja vendido antes do prazo, a negociação será feita pela taxa de juros do momento – e poderá ocorrer de valer menos do que quando foi comprado. Por outro lado, com a queda da taxa de juros, o valor do título sobe. A dica é não vender títulos antes do vencimento. Para os que têm aplicações em fundos: resgate somente em melhores condições de mercado.

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PERGUNTE AO FÁBIO GALLO. ENVIE SUA PERGUNTA. ELAS SERÃO PUBLICADAS ÀS SEGUNDAS SEUDINHEIR­O.ESTADO@ESTADAO.COM

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