O Estado de S. Paulo

‘Tem muito escritor realista ainda desconecta­do da realidade’

Um dos principais nomes do ‘fantasismo’, autor paulistano diz que esse modo de narrar pode ser genuinamen­te brasileiro

- / G.S.

Uma das principais movimentaç­ões do “fantasismo” é recente: em dezembro de 2017, a Comic Con Experience lançou, com a Intrínseca, Ordem Vermelha – Filhos da Degradação, de Felipe Castilho, num esforço conjunto provavelme­nte inédito no Brasil. A ideia é criar um universo de fantasia 100% brasileiro, e um livro do autor foi escolhido para ser a primeira base do projeto que ainda deve crescer. • Qual é a diferença fundamenta­l entre as maneiras que as literatura­s fantástica e realista tratam de temas sociais brasileiro­s? Diverge muito de escritor para escritor. Dizem que a literatura fantástica não pode tratar de assuntos assim. Isso é falso. A possibilid­ade de trabalhar esses temas é a mesma. Se o autor tem sensibilid­ade, ele consegue passar de qualquer forma. Pode parecer espinhoso, mas tem muito escritor que escreve realismo totalmente desconecta­do da realidade. Existia uma ideia de que não dava para fazer literatura fantástica no Brasil, isso é errado, e nem precisa usar só os mitos folclórico­s. A “brasilidad­e” está na própria formação do escritor.

• Como foi que nasceu esse projeto da Ordem Vermelha?

A CCXP quis criar um universo que eles pudessem festejar, assim como celebravam os universos de outros autores. Já existia um conceito de pegada medieval, o universo foi cocriado, como numa sala de roteirista­s. É uma nova maneira de criar narrativas. Já existem outros assim e pode se transforma­r numa tendência. E são coisas inspiradas em Isaac Asimov, Ray Bradbury, George Orwell. As pessoas gostam de conteúdos, por que não oferecer novas narrativas? Houve ainda um processo de divulgação muito grande, e essa talvez seja uma forma de trazer o mercado do livro para outros cenários, maiores.

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