Troca de telinha
Atores migram para plataformas de streaming.
Cinema e televisão eram universos tão distintos que, até há pouco tempo, era difícil encontrar astros que surgiram na telinha e foram estampar os pôsteres de Hollywood – George Clooney, surgido na série Plantão Médico e alçado ao papel de galã de cinema. O caminho inverso, do cinema para a TV, era considerado rebaixamento. Hoje, Meryl Streep, Emma Stone, Amy Adams, para ficar em três mulheres poderosas de Hollywood, migram para a tela pequena – e ela pode ser a televisão, nos canais por assinatura, ou nas plataformas de streaming, de vídeo on demand, como Netflix, Amazon Prime, entre tantos outros.
No Brasil, o movimento se repete. Não é por acaso que a produtora Conspiração Filmes, por exemplo, fundiu seu departamento de televisão e cinema em um só – ambos, agora, ficam debaixo do guarda-chuva de entretenimento. Renata Brandão, CEO da empresa, diz que, em 2018, a procura por produtos audiovisuais para TV cresceu 30%. “Hoje são muitos players de streaming que, quatro anos atrás, sequer existiam.”
De fato, o streaming mudou o jogo. Assim como a conhecida Lei da TV Paga, em vigor desde 2012, a partir da qual os canais brasileiros passaram a ter, pelo menos 3 horas e meia de produção nacional na sua programação semanal. “(A lei da TV paga e a chegada do streaming) são os impulsionadores dessa mudança de comportamento no consumo do entretenimento no qual vivemos”, diz Renata. “É um momento bom para esse tipo de conteúdo.”
A lei da TV Paga – que exige o mínimo de 3 horas e meia de programação nacional semanal nas emissoras de TV por assinatura – mudou o jogo para as produtoras independentes. De 2008 a 2014, houve um crescimento de 318% na produção de obras seriadas no País. Agora, o foco está nas plataformas de “video on demand”, como Netflix, Amazon Prime, entre outros. Um manifesto, enviado à Ancine pela Apro (Associação de Produtores Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) pede por uma regulamentação e por um mínimo de exposição de conteúdo nacional nas plataformas “É um cuidado para que a expansão de mercado não deixe de compreender a evolução tecnológica”, explica Paulo Schmidt, presidente do Apro e sócio produtor da Academia de Cinema