O TEMPO DOS CANDIDATOS MEDIDO EM ‘FAROESTE CABOCLO’
Para comparar o espaço na TV, ‘Estado’ calcula quantos versos da música cada presidenciável poderia cantar; só Alckmin chega ao fim
Quando a propaganda eleitoral entrar no ar, no dia 31, os presidenciáveis vão ter tempos de TV muito diferentes. Candidatos sem coligação e cujos partidos não elegeram nenhum deputado federal devem aparecer 10 segundos por dia, na soma dos dois blocos fixos. Candidato ao Palácio do Planalto com a maior aliança desta eleição, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) terá 11 minutos (nos dois blocos) para falar – quase 66 vezes mais que alguns adversários.
Mas, afinal, o que exatamente dá para dizer nesse tempo? Para deixar a diferença mais concreta, medimos quantos versos da música Faroeste Caboclo cada candidato conseguiria cantar no intervalo que tem à disposição no chamado palanque eletrônico. O candidato tucano é o único com tempo suficiente para terminar a canção – Alckmin ainda teria mais dois minutos de sobra.
A música, escrita por Renato Russo e gravada pela banda Legião Urbana, é uma referência do rock nacional para composições longas. Ela dura mais de nove minutos, nos quais narra a saga de João de Santo Cristo: um jovem que deixa o interior do País depois de ter o pai assassinado e se muda para Brasília.
Lá, ele começa a trabalhar como carpinteiro, vira traficante, se apaixona, é traído pela amada, se envolve num duelo e, finalmente, morre. O motivo da jornada? Na capital, ele queria falar com o presidente para ajudar o povo. No tempo de TV do qual vão dispor a maioria dos candidatos, o João da música não conseguiria sequer sair da “sertania onde morava”.
Para o cálculo, foram ignorados os primeiros 16 segundos da música, uma introdução instrumental. Se esse trecho fosse levado em conta, seis candidatos não conseguiriam dizer uma única palavra. Veja, no infográfico, até que verso cada político conseguiria chegar.