O Estado de S. Paulo

Britânicos preparam medidas para proteger coração de Londres

Alterações em Westminste­r mudarão cenário na região onde está o Parlamento e o Palácio de Buckingham

- Célia Froufe CORRESPOND­ENTE / LONDRES

Orgulhosos por manterem mudanças mínimas no cotidiano e na paisagem das cidades após atentados terrorista­s, os britânicos chegaram à conclusão de que terão de ceder mais. A primeira alteração mais drástica nas caracterís­ticas urbanas começa a ser preparada no coração do poder do Reino Unido: Westminste­r.

Autoridade­s estudam a retirada do tráfego de veículos da área perto do Parlamento depois do segundo ataque em um ano e meio este mês, uma ideia que ganhou o apoio do prefeito Sadiq Khan. Na região, estão as sedes de todos os poderes: além do Parlamento, há a residência oficial do primeiro-ministro, na Downing Street, a Suprema Corte, o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminste­r.

Diante do Parlamento, no dia 14, três pessoas ficaram feridas depois que um carro foi lançado contra barreiras dispostas para evitar atropelame­ntos intenciona­is. O motorista foi detido. Em março de 2017, outro atentado ocorreu na Ponte Westminste­r: Khalid Masood jogou um veículo

contra pedestres, matando cinco, e esfaqueou um policial antes de ser morto a tiros.

A partir de então, a segurança em Londres foi ampliada, com a colocação de grandes barreiras do lado de fora do Parlamento. Especialis­tas avaliaram que elas funcionara­m para evitar uma tragédia maior no atentado do dia 14, mas afirmam que não podem ser uma solução de longo prazo.

A chefe da polícia de Londres, Cressida Dick, disse que é preciso fazer uma avaliação cuidadosa sobre o tema, porque a cidade tem tráfego intenso e multidões o tempo todo. “Os terrorista­s querem que a gente mude completame­nte nosso modo de vida. Eles querem que tenhamos medo”, afirmou.

Paliativo. Após ataques terrorista­s, a polícia costuma isolar a região para investigaç­ões. Assim que é reaberta, a área é tomada por milhares de turistas.

O presidente da associação responsáve­l pela colocação das barreiras, Paul Jeffrey, diz que a transforma­ção de ruas em calçadão é uma das respostas ao crescente número de ataques com carros. “Mas não tenho certeza de que é uma boa coisa ceder aos terrorista­s”, afirmou.

O nível de ameaça terrorista no Reino Unido é classifica­do como “severo”, o segundo mais alto dentro da escala, e significa que um atentado é “altamente provável”. Por isso, “alarmes falsos” causam pânico. Como em novembro, na estação de metrô de Oxford Circus, quando uma discussão banal entre duas pessoas fez com que o local fosse esvaziado por horas até a liberação da polícia.

Apesar do medo e de muitos acreditare­m que a situação piorou nos últimos anos, de acordo com o Global Terrorism Database, 126 pessoas foram mortas em ataques terrorista­s no Reino Unido, entre 2000 e 2017. Entre 1985 e 1999, haviam sido 1.094 mortes e, entre 1970 e 1984, 2.221. O pior ano foi 1988, quando 372 pessoas morreram no país. Na época, os ataques estavam ligados à luta do Exército Republican­o Irlandês (IRA) por independên­cia.

“Os terrorista­s querem que a gente mude completame­nte o nosso modo de vida. Eles querem que tenhamos medo” Cressida Dick

CHEFE DA POLÍCIA DE LONDRES

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