O Estado de S. Paulo

Não haverá impeachmen­t, nem indiciamen­to de Trump

- HELIO GUROVITZ E-MAIL: GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

As mentiras de Donald Trump ficaram mais expostas depois da delação de seu ex-advogado Michael Cohen e da condenação do ex-chefe de campanha Paul Manafort. “A questão é menos se Trump obstruiu a Justiça e mais se (e como) a lei será seguida”, dizem os juristas Barry Berke, Noah Bookbinder e Norman Eisen em parecer para a Brookings Institutio­n.

Apesar da demissão suspeita do ex-diretor do FBI, do suborno à atriz pornô e à ex-playmate e das evidências crescentes de conluio com os russos na campanha eleitoral, não haverá impeachmen­t, nem mesmo indiciamen­to de Trump. Para um presidente americano ser afastado, é necessário o voto da maioria simples dos deputados e de dois terços dos senadores. É provável que, depois da eleição legislativ­a de novembro, a maioria na Câmara até seja democrata (segundo as previsões, entre 221 e 227 das 435 cadeiras). Mas, mesmo nas previsões mais otimistas para o Senado, não haverá chance alguma de reunir 67 votos contra Trump sem o apoio de pelo menos 15 republican­os.

Indiciar Trump criminalme­nte é um desafio ainda maior. O Departamen­to de Justiça tem garantindo “imunidade tácita” a presidente­s em exercício. Richard Nixon renunciou antes de ser indiciado no caso Watergate. Bill Clinton foi condenado só depois que o caso Paula Jones chegou à Suprema Corte e, ainda assim, apenas na esfera civil. Um eventual caso criminal contra Trump esbarraria na sólida maioria conservado­ra na Suprema Corte, reforçada pela confirmaçã­o provável do segundo juiz indicado por Trump, Brett Kavanaugh.

Conservado­res e republican­os têm feito vista grossa às barbaridad­es de Trump em virtude do bom momento econômico. Enquanto tal situação perdurar, a chance de traição no Congresso ou na Suprema Corte é ínfima. Pecker. Dono do ‘National Enquirer’

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