Novo ‘gigante de aço’ da Marinha aporta no Rio
Para aposentar porta-aviões São Paulo, Brasil recebe equipamento da Grã-Bretanha que tem 204 m de comprimento e 22 mil toneladas
Um gigante de aço com quase 204 metros de comprimento, 22 mil toneladas e capacidade para fazer três vezes o trajeto entre a América do Sul e a Europa sem precisar parar para abastecer atracou ontem no Rio de Janeiro. Novo equipamento de guerra da Marinha do Brasil, o Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico consegue abrigar até 17 aeronaves e será o maior navio da esquadra brasileira. Ele vem para substituir o porta-aviões São Paulo, que será aposentado.
O navio, lançado ao mar pela marinha britânica há duas décadas com o nome de HMS Ocean, foi adquirido ao custo de 84 milhões de libras (R$ 440 milhões pelo câmbio atual). “É um navio bem novo, em ótimas condições. Ele poderá operar por mais 20 ou 30 anos”, diz o almirante Luiz Roberto Valicente, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha. “Este navio foi feito para ser um capitânia, e ele será o capitânia da nossa esquadra.”
O navio tem capacidade para acomodar até 806 fuzileiros navais. Participaram da viagem inaugural 303 militares que compõem a tripulação fixa do navio e estavam havia cinco meses fora do Brasil, realizando cursos e entendendo o funcionamento da embarcação com os britânicos. A preparação dos militares brasileiros estava inclusa no acordo de compra.
O processo de transferência
da marinha britânica para a brasileira foi concluído em julho. Desde então, o Atlântico se tornou uma das principais armas de monitoramento da força nacional. “Ele possui quatro radares, sendo um deles 3D, com mais de 200 quilômetros de alcance e que traz uma nova capacidade para a Marinha do Brasil de compilação de área e busca de informações na área de operações”, explica o comandante André Felipe de Carvalho, chefe de operações do Atlântico.
Em seu convés de voo, o navio tem espaço para pouso de sete helicópteros e é capaz de operar seis aeronaves simultaneamente. Outras dez podem ficar armazenadas em um hangar no pavimento inferior, para onde os helicópteros – ou qualquer outro veículo – são transferidos por meio de dois elevadores. O Atlântico é compatível com todos os modelos de helicóptero utilizados pela Marinha.
Confronto. O equipamento
também foi projetado para abrigar a cúpula da Marinha em caso de confronto. “É possível que se opere do próprio navio um Estado-Maior embarcado, ou é possível fornecer informações para uma força-tarefa anfíbia embarcada”, explica Carvalho.
Ontem, o almirante Luiz Henrique Caroli chegou ao Atlântico e comemorou a aquisição. “Este navio chega para manter as tradições da Marinha e da aviação naval. Ele vai dar continuidade a uma tradição que foi
começada pelo (porta-aviões) Minas (Gerais, o primeiro portaaviões da Marinha do Brasil). O São Paulo veio depois, e agora o Atlântico vai dar continuidade e manter viva a aviação naval do Brasil”, afirma. “A Marinha espera muita coisa do Atlântico.”
O porta-aviões São Paulo, que sempre demandou grandes custos com manutenção, será desativado. Apesar de não haver ainda uma confirmação oficial, seu destino mais provável é a venda em forma de sucata.