O Estado de S. Paulo

Justiça suspende projeto de torre nos Jardins

- P.M.

O plano de um edifício de alto padrão não agradou parte dos moradores dos Jardins, zona sul paulistana. Anunciado como “único residencia­l da Rua Estados Unidos”, o projeto teve alvará suspenso temporaria­mente no dia 17 por decisão liminar da 12.ª Vara de Fazenda Pública, após parecer favorável do Ministério Público Estadual.

A ação civil pública foi aberta pelas associaçõe­s AME Jardins e Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreended­ores do bairro de Cerqueira César (Samorcc). “A gente verificou ali um equívoco na aprovação por parte da Prefeitura, que não poderia (liberar a obra) porque infringe um dispositiv­o do Plano Diretor”, afirma Marcelo Manhães, advogado que representa as associaçõe­s no caso.

O projeto do Edifício Estados Unidos 702 consiste em uma torre com 16 pavimentos, com cerca de 57 metros de altura, e é assinado pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, conhecido por empreendim­entos de luxo na capital. Inclui 77 apartament­os. “A melhor localizaçã­o de São Paulo com uma vista para poucos”, diz um de seus anúncios na internet.

Temporaria­mente, a Prefeitura também está impedida de emitir alvará de execução da obra. A Justiça considerou que

o terreno está em uma região onde não são permitidos imóveis com mais de 10 metros de altura, segundo a nova Lei de Zoneamento, de 2016, e também infringe itens do Plano Diretor, sancionado em 2014.

A expectativ­a das associaçõe­s é de não só adiar, mas suspender a obra. Conselheir­o da AME Jardins, Joca Levy diz que o empreendim­ento teria efeitos para os moradores do entorno. “Se permitir construir, será uma sombra para os prédios mais próximos. Ali é uma zona de transição, de proteção dos Jardins”, aponta. “Qualquer adensament­o piora a situação do trânsito, que está no limite.”

Respostas. Responsáve­is pelo projeto, a BSP Empreendim­entos Imobiliári­os e a Sequóia Desenvolvi­mento Imobiliári­o disseram não ter recebido “qualquer notificaçã­o” sobre a liminar. “Ressaltamo­s que o referido projeto foi aprovado, cumprindo-se todos os trâmites necessário­s para a realização do lançamento”, afirmou em nota.

De acordo com a Prefeitura, o processo foi autuado no Município em outubro de 2015 e analisado com base na Lei de Uso e Ocupação do Solo e no Plano Diretor vigentes na época. O Município informou que não foi notificado da decisão. /

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JF DIORIO/ESTADÃO Prédio. Vizinhos temem sombreamen­to do entorno

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