O Estado de S. Paulo

Efeito Felipão

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Opalmeiren­se está à beira de ataque de euforia. Certo, não é reação incomum; torcedor, de qualquer time, não precisa de muita coisa para empolgar-se. Ou melhor, para variar de humor. Bastam algumas vitórias para vislumbrar horizonte glorioso, assim como um punhado de empates e derrotas faz o mundo desabar. De um momento para outro, reputações são consolidad­as ou se esfarinham.

Ressalva feita, vamos aos fatos. Desde a chegada de Felipão o ambiente mudou lá pelas bandas da Turiaçu, agora rebatizada de Palestra Itália no trecho que acolhe clube e estádio. O desânimo que marcou a etapa derradeira da passagem de Roger Machado foi para o espaço na proporção inversa em que a equipe passou a não levar gols e a colecionar vitórias.

Os resultados satisfazem sob o comando do treinador do título da Libertador­es de 99: empate na estreia (0 a 0 com América) e cinco vitórias seguidas, com nove gols a favor e nenhum contra. Somem-se ao retrospect­o, o empate por 0 a 0 com o Bahia (com Paulo Turra no comando) e a vitória por 3 a 0 sobre o Paraná, com o interino Wesley Carvalho. Pronto, está formada a base para a alegria palestrina.

Já que a fase é amena, não custa acrescenta­r mais meio tempo do jogo com o Flu (derrota por 1 a 0) e se chega a oito partidas e meia sem a meta vazada. Nada desprezíve­l para um grupo que levava em média um gol por jogo. Diversas ocasiões em que saiu na frente e permitiu reação adversária.

O sistema defensivo era um dos pontos fracos do Palmeiras, a zaga ficava desprotegi­da, as laterais viravam avenidas a serem exploradas. Agora, há mais proteção, com Felipe Melo à frente de Antônio Carlos e Dracena. Além disso, Marcos Rocha (ou Maike) e Diogo Barbosa (ou Victor Luís) não descambam ao mesmo tempo para o ataque; alternam-se e assim aliviam o meio-campo.

Mais notável foi o ressurgime­nto de jogadores que andavam um tanto borocoxôs, casos de Dudu, Deyverson e Lucas Lima. O primeiro não tem dado piti e isso se reflete no aumento de rendimento. O centroavan­te se favorece com a estratégia de lançamento­s longos ou cruzamento­s para a área; não por acaso fez alguns gols; o meia, aos poucos, cava de novo lugar de titular, com bons passes e belos gols também.

Outro mérito de Felipão: rodar o elenco. Embora tenha uma formação básica, herdada de Roger, consegue tirar mais proveito das alternativ­as de que dispõe, sem enfraquece­r o conjunto. O Palmeiras não é um timaço, não chega a encher os olhos, mas acalenta esperança dos fãs de que pode encostar nos líderes, além de avançar na Libertador­es e chegar à quinta decisão de Copa do Brasil. Um aspecto frágil: pênaltis. Incrível a falta de pontaria dos batedores. Salvo engano, cinco erros nas últimas cinco cobranças!

Teste pra valer está marcado para a tarde de hoje no Beira-Rio. A trupe scolariana terá a missão de parar o eficiente e ascendente Internacio­nal, vice-líder a bufar no cangote do São Paulo. Se voltar do Sul sem derrota, talvez convença os críticos de que os resultados obtidos até agora não se devem ao fato de ter enfrentado rivais frágeis, mas por méritos. Talvez nem assim distorça narizes...

Para manter embalo. No meio da semana, o São Paulo viu escaparem dois pontos no empate por 1 a 1 com o Paraná. Em Curitiba, a rapaziada de Diego Aguirre começou com tudo, abriu placar, criou chances; enfim, parecia outra barbada. Porém, arrefeceu e viu a vitória escapar.

O roteiro não pode repetir-se na manhã deste domingo, na visita do Ceará. O Morumbi receberá mais de 60 mil pagantes e o técnico uruguaio acena com possibilid­ade de partir com escalação agressiva. Que assim seja: o São Paulo não deve sequer sonhar com nada menos do que vencer.

Com o retorno do experiente técnico, o Palmeiras não é um timaço, mas se mostra seguro

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