Na TV, embate sobre salário de mulheres e emprego
Em entrevista ao ‘Jornal Nacional’, Bolsonaro discute com âncoras e fala em ‘casamento’ com Paulo Guedes
Na segunda entrevista com os presidenciáveis promovida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro (RJ), teve ontem um embate com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, em uma sabatina marcada por momentos tensos. Quando questionado sobre suas declarações relacionadas a gays, mulheres e direitos trabalhistas, o presidenciável subiu o tom e tentou se desvencilhar de rótulos.
O primeiro embate ocorreu quando os âncoras lembraram de uma frase de Bolsonaro em um programa de TV: se ele fosse empregador, não daria emprego a mulheres com os mesmos salários pagos a homens.
A princípio, o candidato tentou negar que tivesse feito a afirmação, mas, em seguida, mudou de estratégia.
“Estou vendo aqui uma senhora e um senhor. Não sei ao certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui. Parece que muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, são iguais”, disse Bolsonaro.
A jornalista respondeu na sequência. “Vou interromper vocês dois. Eu poderia como cidadã fazer questionamentos sobre seus proventos, porque o senhor é um funcionário público, deputado há 27 anos. Eu, como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém. Posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria receber um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu”, disse Renata.
Em outro momento, Bonner abordou Bolsonaro sobre a condução da economia, caso seja eleito, ao perguntar se ele seria refém do economista Paulo Guedes – auxiliar do candidato e que é apontado como seu ministro da Fazenda.
“É quase um casamento. Estou namorando o Paulo Guedes faz algum tempo, e ele a mim. Até o momento da nossa separação, não pensamos em uma mulher reserva para isso. Se isso vier a acontecer, por vontade dele ou minha, paciência.”
Bolsonaro também foi questionado sobre proposta que prevê a abertura ou manutenção de empregos a partir da retirada de direitos trabalhistas, mas ele não informou quais direitos seriam retirados, na hipótese de ser eleito à Presidência.
“A classe empregadora tem dito: um dia o trabalhador vai ter de decidir. Menos direito e emprego ou todos os direitos e desemprego”, respondeu ele.
Sobre o fato de ter votado contra a PEC das Domésticas, que deu mais direitos à categoria, o candidato se justificou dizendo que a mudança levou “milhões” de pessoas a serem diaristas.
“Muitas mulheres perderam emprego pelo excesso de direitos. Muita gente que dormia no trabalho, agora não dorme mais. Muita gente que chegava cedo para fazer o café para os patrões, não chegam mais para não contar aquele tempo em serviço. Perderam o café da manhã e pernoite”, afirmou o presidenciável do PSL.