Tchekov como recurso à vida
Aalma de um povo, suas angústias morais, os descalabros de governos e o sistema de trabalho servil, como plano geral, e, no detalhe, a relação entre quatro membros de uma família, encerrados durante um fim de semana numa casa em Paraty. O resultado é Lugar Nenhum, nova peça da Companhia do Latão, que comemora 20 anos de vida com o trabalho que estreou no Rio de Janeiro, com direção de Sergio de Carvalho. É inspirada nos diários e textos do dramaturgo russo Anton Tchekov, mas também em Diderot. O elenco, encabeçado por Ney Piacentini e Helena Albergaria, tem ainda Beatriz Bittencourt, Érika Rocha, João Filho e Ricardo Teodoro. Estreia prevista para 21 de setembro no Sesc Paulista. TEM AMIR PRA TODOS A geração dos diretores brasileiros hoje octagenários, como Antunes Filho, Domingos de Oliveira e José Celso Martinez Corrêa, fez história e deixou sua marca no teatro nacional. Também fundador do Teatro Oficina com Martinez Corrêa e Renato Borghi, o diretor Amir Haddad (foto à direita) é, de todos, o que fez a escolha mais radical: o teatro de rua, comunitário, vivendo e traduzindo o microcosmo que se torna universal. Na próxima quinta, 6, ele conversa com o público sobre sua experiência no grupo Tá na Rua, que fundou em 1980, e sua carreira. Será a partir das 19h30, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.
VAI PRO GUINNESS
O ator e diretor Celso Frateschi corre o risco de entrar para o livro dos recordes, Guinness Book. Num período de dez anos é a terceira vez que monta a mesma peça: O Grande Inquisidor, adaptação do texto contido no romance Os irmãos Karamazov, do escritor russo Fiodor Dostoievski. Mas é preciso ser justo já que as duas montagens anteriores eram completamente diferentes entre si e a nova, que estreia dia 8, no Teatro Ágora, cria o estímulo de uma terceira forma de encenar o texto. Mostra um Jesus Cristo em São Paulo, neste século 21, em vez da Espanha do século 16. Com atuação e direção de Frateschi, no papel de Cristo, a montagem o mostra sumariamente preso, interrogado, julgado e condenado à fogueira por um grande inquisidor de nossos dias.
NÓS E NOSSOS DUPLOS Cada um dos atores em cena tem um duplo, boneco em tamanho real, para traduzir um Brasil formado por uma sociedade extremamente controlada, militarizada e segregada. 1984, de Orwell, perde. A peça em foco é Mau Lugar, que estreia dia 13 no Tusp, o teatro da USP na Rua Maria Antonia. A montagem é do Coletivo de Galochas, com direção de Daniel Lopes e no elenco estão Rafael Presto, Diego Henrique, Kleber Palmeira, Mariana Queiroz, Roanne Aragão e Wendy Villalobos. A peça trata da história de uma mulher, Lúcia, cuja vida muda de rumo após o suicídio da filha.
MINEIROS VOADORES Tem grupo brasileiro no Festival de Teatro IberoAmericano de Logroño, na Espanha. São os mineiros da Companhia Negra de Teatro, que levaram o espetáculo Chão de Pequenos para a segunda edição da mostra, que se pretende uma ponte entre Península Ibérica e América Latina ou, sob outro olhar, colonizadores e colonizados. Mas pode dar samba. O grupo, criado pelo ator mineiro Felipe Soares, apresenta-se na quinta que vem, 6, às 22h30.