O Estado de S. Paulo

Varejo cai pelo 3º mês seguido

Analistas esperavam alta de 0,3%; incertezas políticas, desemprego e repique inflacioná­rio explicam queda

- Vinicius Neder/ RIO COLABORARA­M CAIO RINALDI e MARIA REGINA SILVA

A incerteza com os rumos da política e da economia, a inflação pressionad­a e o mercado de trabalho em crise voltaram a atingir o comércio. As vendas do varejo caíram 0,5% em julho ante junho. Foi a terceira queda mensal seguida.

A incerteza com os rumos da política e da economia, somada à inflação mais pressionad­a e ao mercado de trabalho ainda afetado pela crise, voltou a atingir o comércio. As vendas do varejo caíram 0,5% em julho sobre junho, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). A queda, pelo terceiro mês seguido, contrariou as expectativ­as de analistas de mercado, que apontavam, em média, para uma alta de 0,3%, conforme o Broadcast Projeções.

No acumulado de maio a julho, as vendas do varejo restrito (sem os segmentos do comércio de carros e de material de construção) encolheram 2,3%, ou seja, o comércio não recuperou o nível de atividade de antes da greve dos caminhonei­ros.

Para Isabella Nunes, gerente da Coordenaçã­o de Comércio e Serviços do IBGE, para além dos efeitos da paralisaçã­o das estradas no fim de maio, a queda de 1,0% nas vendas em relação a julho de 2017 (a primeira após 15 meses de alta nessa ótica de comparação) sinaliza uma perda de ritmo.

Parada. “A paralisaçã­o dos transporte­s de cargas atingiu diretament­e maio e junho, trazendo muita volatilida­de para os dados do comércio”, disse.

Isoladamen­te em julho, pesou sobre o desempenho a queda de 4,8% nas vendas de móveis e eletrodomé­sticos ante junho. Segundo Isabella, a retração se segue a uma antecipaçã­o de vendas para junho, por causa da demanda por televisore­s durante a Copa do Mundo. Na comparação com julho de 2017, as vendas de combustíve­is fizeram a diferença, com tombo de 9,2% – a culpa aí foi da alta de preços. No IPCA de julho, os combustíve­is acumulavam alta de 25,13% em 12 meses.

Para Fábio Bentes, economista-chefe da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a inflação pressionad­a, ao lado da elevação da incerteza política e da queda da confiança do consumidor desde a greve dos caminhonei­ros, é a novidade recente no cenário para o consumo.

“Essa inflação atrapalha as vendas de combustíve­is. Só que a alta de outros preços administra­dos, como conta de luz e plano de saúde, faz o consumidor realocar a renda, cortando o consumo ‘adiável’”, disse Bentes, destacando os bens duráveis, como eletrodomé­sticos, entre os primeiros a serem cortados./

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