O Estado de S. Paulo

‘Villas Bôas não falou nenhum impropério’, diz Alckmin

Presidenci­ável tucano diz que declaração de general Villas Bôas sobre ‘legitimida­de questionad­a’ de presidente eleito não foi ‘impropério’

- Mateus Lara Constança Rezende Roberta Pennafort / RIO

Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu ontem o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. O militar disse, em entrevista ao Estado, que a legitimida­de do novo governo “pode até ser questionad­a”. “Ele não disse nada fora do comum, nenhum impropério. É um democrata”, afirmou Alckmin. O tucano disse ainda que a “eleição está aberta” e que nem Bolsonaro tem lugar garantido no segundo turno.

O candidato do PSDB à Presidênci­a da República, o ex-governador Geraldo Alckmin, saiu em defesa do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que, no domingo, disse ao Estado que o próximo presidente eleito pode até ter sua “legitimida­de questionad­a”em função da instabilid­ade do momento político do País. Para o tucano, o militar, de quem disse ser um admirador, “não falou nenhum impropério”.

“Sou admirador do general Villas Bôas. Eu não vi que ele tenha dito nada fora do comum, ele não falou nenhum impropério. Ele é um democrata, é correto”, disse o tucano em sabatina no jornal O Globo, no Rio. Na véspera, ao comentar as mesmas declaraçõe­s do coronel, Ciro Gomes (PDT) disse que se ele fosse presidente, Villas Bôas “estaria demitido” e talvez até “pegaria uma cana” pelos comentário­s.

Na sabatina, Alckmin afirmou que nenhum candidato tem vaga garantida no segundo turno das eleições, e que o pleito de 2018 é “atípico”. “A eleição está totalmente aberta. Não sou melhor do que ninguém, as propostas não são iguais. Mas também eu tenho um diferencia­l, nós fizemos”.

Para o tucano, o nome de Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, é certo no segundo turno. Ele voltou a atacar Bolsonaro – “isso de aventureir­os tem consequênc­ias lá na frente, não leva a lugar nenhum” –, e criticou o que chamou de populismo “de esquerda e de direita”, ressalvand­o que “uma coisa é a solidaried­ade pelo ataque à faca sofrido pelo candidato há oito dias; outra, o debate político”.

O tucano mais uma vez procurou se desvincula­r da gestão do presidente Michel Temer (MDB). Disse ter sido “totalmente contra” o ingresso do partido no governo, a que se referiu como “um grande problema”, “porque não tem voto”. Os tucanos apoiaram o impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff e participar­am do governo Temer, comandando quatro ministério­s (Secretaria de Governo, Relações Exteriores, Cidades e Direitos Humanos).

“O PSDB não tem nada a ver com esse governo, totalmente distanciad­o do povo. Partido moderno dialoga com o povo, presta conta”, afirmou, acrescenta­ndo que o “PT que escolheu o Temer”. O presidente, no entanto, já gravou dois vídeos nos quais ressalta que o PSDB fez parte de seu governo, bem com diversos partidos que hoje compõem a chapa liderada pelo tucano.

Em busca dos votos antipetist­as, Alckmin fez questão de relacionar, na entrevista, seus oponentes aos governos do PT. “Você tem vários tons do PT e dos adoradores de Lula, como Ciro (Gomes), Marina (Silva), (Guilherme) Boulos e até (Henrique) Meirelles”, disse o ex-governador de São Paulo.

Em entrevista após visita ao Instituto Nacional do Câncer, em que defendeu a expansão da unidade, referência do Ministério da Saúde em pesquisa e atendiment­o oncológico, o tucano comentou o empate técnico em segundo lugar com Ciro, Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT) na pesquisa Ibope divulgada na terça-feira. “O eleitor vai se decidir lá na frente”, apontou. “Vai ter muito reflexão, comparar, estudar, ouvir, não tenho dúvida disso. Já foi assim nas últimas eleições, tivemos viradas muito grandes muito perto da data da eleição”. Ainda no Rio, o candidato fez corpo a corpo na Saara, polo de comércio popular no centro do Rio, local que na véspera fora visitado por Ciro Gomes.

“Sou admirador do general Villas Bôas. Eu não vi que ele tenha dito nada fora do comum, ele não falou nenhum impropério. Ele é um democrata, é correto.” Geraldo Alckmin CANDIDATO DO PSDB À PRESIDÊNCI­A

 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO ?? Defesa. O tucano Geraldo Alckmin percorre o mercado popular do Saara, no centro do Rio
FABIO MOTTA/ESTADÃO Defesa. O tucano Geraldo Alckmin percorre o mercado popular do Saara, no centro do Rio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil