‘É PRECISO INSISTIR NAS REFORMAS’
Em evento realizado ontem, foram revelados os vencedores em 23 categorias e também os destaques em inovação e governança corporativa
Em discurso no Estadão Empresas Mais, o ministro Eduardo Guardia (Fazenda) disse que o País pode acelerar o ritmo de crescimento se persistir nas reformas. Como condições, ele citou solução da crise fiscal, reformas microeconômicas, retomada dos investimentos e abertura comercial. Raízen e Raia Drogasil venceram o Empresas Mais.
O ‘Estadão’ realizou ontem a cerimônia do prêmio Empresas Mais, que celebra as companhias de melhor resultado e impacto positivo na economia em 23 setores. Para a escolha das três primeiras colocadas em cada segmento foram analisadas 3,6 mil companhias brasileiras, em parceria com a FIA e a Austin Rating. O evento ainda elegeu as melhores práticas em governança e inovação.
Além de eleger as melhores em cada setor, o Estadão Empresas Mais escolheu duas grandes vencedoras do ano: na categoria empresa, a escolhida foi a rede Raia Drogasil, que também venceu na categoria varejo. Já o grupo econômico vencedor deste ano foi o Raízen, dono de negócios como a rede de postos de combustível Shell no País, que também liderou o ranking de atacado e distribuição.
O evento, que teve a presença do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, destacou os desafios da economia brasileira em um momento de transição política no País. Em seu discurso, o ministro afirmou acreditar que o Brasil “tem condições de ter um padrão de crescimento superior ao que tem hoje”.
O diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, destacou o momento de transição que o Brasil vive com as eleições de outubro e destacou que, nesses tempos de transição, as empresas têm feito a “lição de casa” tanto em gestão quanto em inovação. “Estamos em um momento em que são necessários bom senso, serenidade, empenho pelas reformas que começaram a ser feitas e que precisam ser concluídas para evitar novos desarranjos econômicos”, disse.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, ressaltou que os empresários brasileiros devem ser considerados “heróis” depois de enfrentar dois
anos seguidos de recessão, em 2015 e 2016, o pior resultado nacional desde a depressão da década de 1930. “O Brasil tem de ser protagonista do crescimento global, e não estar nas capas de jornais como exemplo de corrupção”, afirmou.
Vencedores. O presidente da Raia Drogasil, Marcílio Pousada, afirmou que o prêmio promovido pelo Estadão veio como um reconhecimento para a atuação de uma empresa que está presente em 22 Estados, com 1.750 lojas e 33 mil funcionários. Ele lembrou que a companhia trabalha para implantar um sistema de atendimento uniforme em todo o País, tentando atrair um perfil de funcionários de “gente que gosta de gente”.
Com a previsão de abrir 240 lojas este ano, e outros 240 pontos de venda em 2019, Pousada disse que a Raia Drogasil já começa a desenvolver lideranças locais para gerenciar suas lojas em regiões onde entrou mais recentemente, como Norte e Nordeste. A ideia é que os gerentes de unidades sejam sempre escolhidos internamente.
O vice-presidente da Raízen, João Alberto Abreu, atribuiu à equipe de colaboradores o prêmio de grupo empresarial do ano. “Independentemente dos momentos difíceis, o grupo está focado em fazer o melhor e não ficar apenas lamentando.” Segundo ele, apesar da economia mais fraca, os projetos da empresa continuam sendo tocados, apenas com ajustes técnicos. Abreu admitiu que, após a greve dos caminhoneiros, o consumo de combustíveis se reduziu. “O ano começou com uma expectativa de crescimento que não se confirmou.”
Vencedora na área de mineração, cimento e petróleo, a Vale foi representada por Luciano Siani, diretor executivo de finanças e relações com investidores. O executivo afirmou que o prêmio reflete a capacidade que a mineradora mostrou de cumprir o que promete ao mercado. Nos últimos anos, a empresa empreendeu um caminho de redução de endividamento, venda de ativos e melhora da qualidade de produtos.
“O momento é muito positivo para minério de alta qualidade. Somos auxiliados pela política de redução da polução na China, que quer o produto que nós temos a oferecer”, disse Siani. O executivo disse ainda que, apesar de a guerra comercial ser ruim porque põe a expansão da economia global sob risco, a Vale fornece minério especialmente para países em desenvolvimento, sobretudo na Ásia, onde ainda há um processo de urbanização em curso.
O presidente da Localiza, Eugênio Mattar, lembrou que o prêmio Estadão Empresas Mais reconhece a capacidade da empresa de atender o cliente com excelência e de gerar “resultados extraordinários” mesmo em um cenário difícil para a economia. Mattar disse que “o fundo do poço do País ficou no governo passado”. Entre os candidatos à Presidência, o empresário disse que pretende votar em João Amoêdo (Novo).
Vencedora na área de transporte e logística, a Rumo tem crescido cerca de 15% ao ano em volume, afirmou o presidente da empresa, Julio Fontana. Segundo ele, a premiação é resultado de um conjunto de medidas adotadas pela empresa desde a compra da ALL, em 2015. “Fizemos muitas mudanças e investimentos no período, o que tem permitido um crescimento sustentável da empresa ano após ano”, disse o executivo.
Na avaliação dele, apesar das incertezas econômicas e políticas, a empresa é beneficiada pelos bons resultados do agronegócio, cuja safra tem sido crescente. “Diferentemente de outros setores, nós não sofremos com a falta de demanda. Por isso, continuamos investindo.”