O Estado de S. Paulo

Mourão defende Constituiç­ão sem eleitos

Vice na chapa de Bolsonaro diz que Brasil precisa de uma Carta elaborada por ‘notáveis’ e aprovada pelo ‘povo’, sem passar pelo Congresso

- Katna Baran / CURITIBA

O candidato à vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão (PRTB), defendeu, ontem, que o Brasil precisa de uma nova Constituiç­ão elaborada por “notáveis” e aprovada em plebiscito pela população, sem a eleição de uma Assembleia Constituin­te.

O candidato disse que a elaboração da última Constituiç­ão brasileira, de 1988, por parlamenta­res eleitos, “foi um erro”, e defendeu que a nova Carta deveria ser criada por “grandes juristas e constituci­onalistas”. As declaraçõe­s foram feitas em palestra no Instituto de Engenharia do Paraná, em Curitiba.

“Uma Constituiç­ão não precisa ser feita por eleitos pelo povo. Já tivemos vários tipos de Constituiç­ão que vigoraram sem ter passado pelo Congresso eleito”, afirmou, defendendo que esse tipo de documento, sem a participaç­ão de eleitos, já esteve em vigor em períodos democrátic­os do País, não apenas durante a ditadura.

Mourão acrescento­u que defende pessoalmen­te essa opinião, que não representa­ria as ideias de Bolsonaro. “Teria que partir para a reforma de todas as reformas. Teríamos que ter uma nova Constituiç­ão, mas, no momento, julgo que isso é uma coisa muito difícil de a gente conseguir. Então, a regra é clara: partir do mais fácil para o mais difícil.”

Para o candidato, essa “nova” Constituiç­ão deveria ser mais “enxuta” que a atual, parecida com a norte-americana, contendo apenas princípios e valores gerais para reger o País. “O restante, como o horário de trabalho do bancário, o juro tabelado, essas coisas, isso (deve estar) em lei ordinária, porque muda de acordo com os valores e o tempo”, afirmou Mourão. Em relação à campanha presidenci­al, o general da reserva descartou a possibilid­ade de mudança do nome na cabeça de chapa depois do atentado sofrido por Bolsonaro, que continua internado. Segundo o general, o deputado federal deve estar pronto “para liderar o processo” em três semanas, mas ainda não totalmente recuperado para participar de agendas de rua. “É ele quem as pessoas vão eleger. Ninguém vai me eleger, eu sou o apêndice”, declarou.

O general admitiu que houve prejuízo na campanha com a impossibil­idade de Bolsonaro participar dos atos, mas afirmou que não mudou sua agenda de campanha depois do atentado. Mourão também disse que está com a segurança de campanha reforçada depois do atentado em Juiz de Fora (MG) e usando colete à prova de balas.

“Uma Constituiç­ão não precisa ser feita por eleitos pelo povo. Já tivemos vários tipos de Constituiç­ão que vigoraram sem ter passado pelo Congresso eleito.”

General Mourão

VICE DE BOLSONARO

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GERALDO BUBNIAK/AGB

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