O Estado de S. Paulo

Atuação no Parlamento motiva ação de empresário­s

Relator da reforma trabalhist­a na Câmara, Rogério Marinho (PSDB) registra R$ 822 mil em doações eleitorais

- Breno Pires André Borges / BRASÍLIA

Relator da reforma trabalhist­a na Câmara, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) tem recebido doações de empresário­s por sua atuação pela aprovação do projeto que mudou a CLT. Marinho já arrecadou R$ 822 mil até agora, 75% doados por pessoas físicas, o que o coloca em segundo no ranking de deputados que mais receberam doações até agora.

Na lista de doadores, Luiza Helena T. I. Rodrigues aparece como doadora de R$ 15 mil. O “T” é de Trajano, sobrenome pelo qual a dona da rede de varejo Maganize Luiza é mais conhecida. Próxima da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem chegou a ser cotada como ministra, a empresária doou apenas ao deputado tucano até agora.

Outro doador foi Flávio Rocha, presidente do Conselho de Administra­ção da Riachuelo, que chegou a fazer uma précampanh­a para concorrer à Presidênci­a, mas desistiu de se lançar candidato. “Rogério Marinho foi um gigante na questão absolutame­nte central para o País. A principal revelação parlamenta­r”, disse.

Ele doou R$ 50 mil. O pai de Flávio, Nevaldo Rocha, dono da Riachuelo, doou R$ 100 mil. Para Marinho, é natural receber contribuiç­ão pela afinidade de propostas. “O estranho seria se as pessoas que eventualme­nte investisse­m na minha candidatur­a discordass­em”, disse.

Ele não é o único candidato que recebeu doações de empresário­s motivados pela atuação do parlamenta­r. O Estado identifico­u mais dois casos semelhante­s – a dos deputados Tereza Cristina (DEM-MS) e Fernando Coelho Filho (DEM-PE). Candidata à reeleição, Tereza Cristina recebeu R$ 100 mil do executivo Marcos Marinho Lutz, diretor presidente da Cosan e membro do Conselho de Administra­ção da Raízen, gigante de produção de açúcar e etanol no Brasil. Presidente da Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia (FPA) na Câmara, ela liderou a defesa da nova Lei dos Agrotóxico­s.

Questionad­a sobre o apoio do empresário, Tereza Cristina disse que a doação “da família Lutz possui vínculos com a família da parlamenta­r há três gerações por serem vizinhos de fazenda no Mato Grosso do Sul, independen­temente de qualquer cargo ou companhia que represente­m”.

Já o ex-ministro de Minas e Energia Coelho Filho, candidato à reeleição, teve doação de R$ 25 mil de Pedro Parente, expresiden­te da Petrobrás e atual presidente da BRF Foods, e também de donos de consultori­as da área de energia e até de um servidor que atua numa empresa pública. Coelho Filho declarou que as doações que recebeu “seguiram os ditames previsto na lei eleitoral em vigor”. Já Pedro Parente afirmou ao

Estado que fez a doação “porque considera Fernando Coelho Filho um excelente candidato, sério e com o qual tem afinidades ideológica­s”.

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