O Estado de S. Paulo

Furacão Florence perde velocidade, mas temor aumenta

Para especialis­tas, menor intensidad­e dos ventos significa que tormenta castigue por mais tempo a mesma área

- Kendra Pierre-Louis THE NEW YORK TIMES TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ /

O furacão Florence começou a atingir a Costa Leste dos EUA ontem, com ventos fortes, chuvas torrenciai­s e a ameaça de inundações “catastrófi­cas”. Espera-se que a grande e perigosa tempestade toque o chão das Carolinas do Norte e do Sul hoje. Ontem, ao menos 100 mil casas estavam sem energia elétrica na Carolina do Norte.

Os ventos chegavam a 155 quilômetro­s por hora em Wilmington. “Só porque a velocidade do vento diminuiu, e a intensidad­e da tempestade baixou, por favor não baixem a guarda”, advertiu Brock Long, diretor da Agência Federal para o Manejo de Emergência­s (FEMA).

O furacão Florence preocupa os especialis­tas que preveem que ele se desloque mais lentamente quando atingir a terra. É isso que o torna perigoso. Furacões persistent­es são uma ameaça, como viram os texanos quando o Harvey provocou inundações que causaram bilhões de dólares de prejuízo. Em algumas áreas, ele despejou mais de 750 mm de água em dois dias e cerca de 1.250 mm em quatro dias. Um relatório do condado de Harris, que inclui Houston, mostrou que as chuvas superaram as de qualquer outra inundação da história dos EUA desde 1899.

“Números tão altos se devem ao lento deslocamen­to da tormenta”, disse Deanna Hence, professora da Universida­de de Illinois, que participou do estudo publicado no jornal Nature. “Numa tempestade tropical, uma grande quantidade de chuva cai sobre o mesmo lugar por um longo período.”

Embora não se saiba a causa da lentidão, evidências sugerem que as mudanças climáticas estejam influindo. “Furacões são levados passivamen­te pelos ventos condutores”, disse Kossin. “É quase como uma rolha sendo levada pela correnteza.”

Os ventos condutores tiram sua força das diferenças de temperatur­a entre os trópicos e os polos. Mas, com as mudanças climáticas, as diferenças estão diminuindo, o que enfraquece esses ventos. A menor velocidade faz com que os furacões se desloquem mais lentamente.

“É o que deve acontecer com o Florence. Ele vai chegar com estardalha­ço e avançar poucos quilômetro­s, depois se deslocar erraticame­nte por vários dias, porque os ventos condutores vão perder força”, disse o meteorolog­ista Jeff Master. “Mas, como boa parte de sua circulação foi sobre a água, ele sugou muita umidade do oceano e vai despejá-la sobre a terra em forma de pesadas chuvas.”

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