O Estado de S. Paulo

Andressa brilha no lançamento do disco

Após quase desistir, atleta paraibana retoma motivação, obtém ótimos resultados e almeja a Olimpíada de Tóquio

- Felipe Rosa Mendes

Grande sensação do atletismo brasileiro neste ano, Andressa de Oliveira quer coroar no Troféu Brasil, a partir de hoje, em Bragança Paulista (SP), a sua melhor temporada. A especialis­ta no lançamento do disco alcançou o auge aos 27 anos, ao faturar medalha na Diamond League, quebrar o recorde sulamerica­no pela terceira vez e ganhar o respeito das adversária­s.

A consistent­e temporada credencia esta paraibana de João Pessoa a projetar medalhas no Mundial de 2019, em Doha, e nos Jogos de Tóquio-2020, seu maior objetivo. “Até a Olimpíada, eu quero lançar 70 metros”, comentou a atleta ao Estado.

Ainda faltam cinco metros para ela alcançar a almejada marca, pois o recorde registrado neste ano foi de 65,10m, no GP Brasil, em julho. Mas, a julgar pela evolução exibida nas últimas duas temporadas, o sonho pode não estar tão longe. Andressa vem crescendo mesmo diante de obstáculos, como uma hérnia de disco e a falta de recursos. Nada disso a impediu de quase igualar o recorde brasileiro masculino, algo raro no atletismo, de 65,55m, de Ronald Odair Julião (2013).

A maior dificuldad­e foi a contusão na coluna, em 2013. O caso, de cirurgia, foi resolvido com tratamento, mais longo, e a deixou afastada de treinos e competiçõe­s por mais de um ano.

Seu retorno em alto nível ocorreu no Troféu Brasil de 2015. E logo de cara ela bateu o recorde da competição, ao lançar 64,15m. Para alcançar o feito, treinava em casa, em Bragança mesmo. Andressa improvisou uma pequena academia onde mora e passou a fazer lançamento­s num terreno baldio. “Eu lançava num terreno atrás de casa e tinha a ajuda do meu esposo (ex-atleta do lançamento do martelo)”, recorda.

Andressa, porém, tinha dificuldad­e para manter a motivação. “Confesso que quis desistir várias vezes. Caí muito de rendimento, sentia muitas dores. Parecia que o atletismo estava acabando para mim.”

Isso se refletiu na fraca performanc­e em 2016. Um ano depois, voltou a fazer bonito. Ao retomar a motivação, bateu recordes e estreitou o trabalho com o técnico cubano Julian Baloy, que a acompanha há dez anos.

O Troféu Brasil será o 16.º torneio de Andressa no ano. A “maratona” de competiçõe­s se deve principalm­ente à regularida­de dos resultados, que garantiram sua presença em todas as etapas da Diamond League. O auge veio na etapa final, em Bruxelas, quando faturou a medalha de prata, com 64,65m. Só foi superada pela cubana Yaime Pérez, que cravou 65m. Desde então, só tem evoluído. “Acho que o diferencia­l é a minha regularida­de, praticamen­te não tive oscilações na temporada.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil